Evangelho segundo São João 6,44-51.
Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «Ninguém pode vir a Mim, se o Pai, que Me enviou, não o trouxer; e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia.
Está escrito no livro dos Profetas: "Serão todos instruídos por Deus". Todo aquele que ouve o Pai e recebe o seu ensino vem a Mim.
Não porque alguém tenha visto o Pai; só Aquele que vem de junto de Deus viu o Pai.
Em verdade, em verdade vos digo: quem acredita tem a vida eterna.
Eu sou o pão da vida.
No deserto, os vossos pais comeram o maná e morreram.
Mas este pão é o que desce do Céu, para que não morra quem dele comer.
Eu sou o pão vivo que desceu do Céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que Eu hei de dar é a minha carne, que Eu darei pela vida do mundo».
Tradução litúrgica da Bíblia
Carmelita descalça,doutora da Igreja
Caminho de Perfeição,cap.33-34
(Obras completas,Edições Carmelo,2000),rev.
«Este pão é o que desce do Céu, para que
não morra quem dele comer»
Vendo o bom Jesus a nossa necessidade, procurou um meio admirável de nos mostrar o extremo amor que nos tem e, em seu nome e no de seus irmãos, fez esta petição: «O pão nosso de cada dia nos dai hoje» (Mt 6,11). Era mister vermos o seu [amor] para despertarmos, não uma vez, mas todos os dias; por isso Se deve ter determinado a ficar connosco. Tenho reparado que só nesta petição duplica as palavras, porque diz primeiro e pede que Lhe deis este pão de cada dia, e torna a dizer: «nos dai hoje, Senhor». Põe-Se diante de seu Pai, como a dizer-Lhe: já que uma vez no-lo deu para que morresse por nós, já que é «nosso», não no-lo torne a tirar, mas O deixe servir cada dia, até se acabar o mundo. O Ele ser nosso cada dia é porque O possuímos aqui na Terra e O possuiremos também no Céu, se aproveitarmos bem a sua companhia. O dizer «hoje» me parece que é para um dia, isto é, enquanto durar o mundo, e não mais. E é bem verdade que é um só dia! E assim Lhe diz seu Filho que, pois não é mais que um dia, Lho deixe passar em servidão; e que Sua Majestade já no-lo deu e enviou ao mundo só por sua vontade, que Ele quer agora por sua própria vontade não nos desamparar, mas ficar-Se aqui connosco para maior glória de seus amigos e pena de seus inimigos. Que agora novamente não pede mais que «hoje» ao dar-nos este Pão sacratíssimo; Sua Majestade no-lo deu para sempre, como já disse, este mantimento e maná da humanidade, que O achamos como queremos; e, a não ser por nossa culpa, não morreremos de fome, pois de todos os modos e maneiras que a alma quiser comer, achará no Santíssimo Sacramento sabor e consolação.
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