Vamos caminhando para o fim do ano litúrgico e também para o fim da leitura do Evangelho de Marcos que nos acompanhou este ano. A liturgia quer nos colocar sempre mais em busca do importante: a fé na pessoa de Jesus. O Evangelho apresenta o cego Bartimeu que, sabendo que era Jesus que passava, começou a gritar “Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim”. O homem, de sua profunda cegueira, vê no prometido e esperado por todos, Aquele que pode ser sua luz. Todos os impeliam a que se calasse. Mais alto ele gritava. Podemos ver a angústia das trevas que só tem solução na misericórdia da Luz que é Jesus. Jesus manda que o chamem. Coragem! Ele te chama. “Que queres que eu te faça”, pergunta Jesus. “Mestre, que eu veja”, diz o cego. Jesus diz somente: “vai, tua fé te curou!” Na primeira leitura há grandes promessas de uma libertação da escravidão Será grande a alegria desta transformação. Deus os traz com misericórdia, pois é um Pai. O milagre de Jesus é a expressão desta misericórdia. O homem, à beira do caminho grita por misericórdia. Tem piedade de mim! E obtém.
Tua fé te salvou!
Jesus não diz ao cego: Eu te curo, mas disse, tua fé te salvou. O cego viu Jesus pela fé; e pela fé começa a enxergar. Sua oração de pedido de cura a Jesus é a demonstração de sua fé nEle como luz. Por aí vemos que os milagres de Jesus têm a ver com a demonstração da fé. O ato de fé conduz sempre a uma visão interior. É o cego que enxerga/vê Jesus pela fé. É atitude necessária para a vida cristã: ver com os olhos da fé as realidades e acontecimentos e neles enxergar o caminho de Deus. A comunidade é importante para este momento de recuperação da visão da fé. Se por um lado ela pode nos enxotar com suas atitudes, como manda o cego se calar, por outro pode, também, animar-nos em nossa busca: Coragem! Ele te chama.
Senhor, que eu veja!
O convite deste evangelho é que todos tenham olhos abertos às realidades da fé. Como viver o evangelho na realidade? Como ver a realidade dentro dos evangelhos? Muitas vê
zes somos uma comunidade de cegos que não vê nada de fé, nada da necessidade que passam as pessoas e o mundo. É preciso saber ler os sinais dos tempos, qual a realidade de Deus presente no mundo. O grande modelo é Jesus, “o sumo sacerdote que surge do meio do povo e em favor do povo no que se refere a Deus” ( Hb 5,1). É capaz de ver as fraquezas do povo porque tem os olhos abertos para sua fraqueza. Por isso ele é capaz de compadecer-se. Nós vamos ser úteis ao mundo quando tivermos olhos abertos pela fé para contemplar o mundo a partir da misericórdia de Deus. Sem isso seremos cegos à beira do caminho. Senhor, que eu veja! Olhando para o ano litúrgico que vai para o fim, temos a oportunidade de pode fazer este olhar de fé sobre nossa fé e perguntar: Minha visão é somente dos olhos naturais ou tenho na vida a visão dos olhos da fé que me fazem enxergar a partir da transformação realizada por Jesus?
(Leituras: Jeremias 31,7-9;
Hebreus 5,1-6; Marcos 10,46-52)
Homilia do 30º Domingo do Tempo Comum
EM 26 DE OUTUBRO DE 2003
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