Evangelho segundo São João 11,45-56.
Naquele tempo, muitos judeus que tinham vindo visitar Maria, para lhe apresentarem condolências pela morte de Lázaro, ao verem o que Jesus fizera, ressuscitando-o dos mortos, acreditaram nele.
Alguns deles, porém, foram ter com os fariseus e contaram-lhes o que Jesus tinha feito.
Então os príncipes dos sacerdotes e os fariseus reuniram conselho e disseram: «Que havemos de fazer, uma vez que este homem realiza tantos milagres?
Se O deixamos continuar assim, todos acreditarão nele; e virão os romanos destruir-nos o nosso lugar santo e toda a nação».
Então Caifás, que era sumo sacerdote naquele ano, disse-lhes: «Vós não sabeis nada.
Não compreendeis que é melhor para nós morrer um só homem pelo povo do que perecer a nação inteira?».
Não disse isto por si próprio; mas, porque era sumo sacerdote nesse ano, profetizou que Jesus havia de morrer pela nação;
e não só pela nação, mas também para congregar na unidade todos os filhos de Deus que andavam dispersos.
A partir desse dia, decidiram matar Jesus.
Por isso, Jesus já não andava abertamente entre os judeus, mas retirou-Se para uma região próxima do deserto, para uma cidade chamada Efraim, e aí permaneceu com os discípulos.
Entretanto, estava próxima a Páscoa dos judeus e muitos subiram da província a Jerusalém, para se purificarem, antes da Páscoa.
Procuravam então Jesus e perguntavam uns aos outros no Templo: «Que vos parece? Ele não virá à festa?»
Tradução litúrgica da Bíblia
Juliana de Norwich(1342-1416)
mística inglesa
«Revelações do Amor Divino»,cap. 32
«É melhor para nós
morrer um só homem pelo povo»
O nosso bom Senhor disse-me certa vez: «Todas as coisas vão acabar em bem»; e doutra vez disse-me: «Verás que tudo acabará em bem». Com estas palavras, a minha alma percebeu que Ele quer que saibamos que dá atenção, não somente às coisas nobres e grandes, mas também às que são humildes, pequenas, pouco elevadas, simples. É isto que Ele quer dizer quando declara: «Tudo, seja o que for, terminará em bem».
Ele quer fazer-nos entender que nem a menor coisa será esquecida. E quer que compreendamos que muitas ações são tão más a nossos olhos e nos causam tanta dor que parece impossível que possam ter um fim bom; e assim, afligimo-nos e lamentamo-nos, de tal modo que deixamos de ser capazes de encontrar a paz na contemplação bem-aventurada de Deus, como devíamos. Porque neste mundo raciocinamos de forma tão cega, tão baixa, tão simplista que nos é impossível conhecer a sabedoria elevada e maravilhosa, o poder e a bondade da Santíssima Trindade. É como se Deus nos dissesse: «Tende o cuidado de acreditar e confiar em Mim, e no final vereis tudo na verdade, e portanto na plenitude da alegria». Vejo que há uma obra que a Santíssima Trindade realizará no último dia. Quando e como será feita esta obra, nenhuma criatura abaixo de Cristo o sabe e ninguém o saberá até ao seu cumprimento. Se Deus quer que saibamos que Ele fará esta obra, é para que estejamos mais à vontade, mais pacificados no amor, e deixemos de fixar o olhar nas tempestades que nos impedem de verdadeiramente nos alegrarmos nele. Esta é a grande obra ordenada por Nosso Senhor desde toda a eternidade, um tesouro escondido no seu seio bendito, e só dele conhecido. Por esta obra, Ele vai garantir que tudo acabe em bem, porque, tal como a Santíssima Trindade criou todas as coisas do nada, assim vai tornar boas todas as coisas que o não são.
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