sábado, 25 de abril de 2020

REFLETINDO A PALAVRA - “Sacramento da Quaresma”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
52 ANOS CONSAGRADO
44 ANOS SACERDOTE
Eis o dia da salvação 
Iniciamos com a Quarta-Feira de Cinzas o tempo Pascal. Como preparação para a Páscoa temos a Quaresma. São 40 dias de reflexão e exercícios espirituais. Já tivemos um tempo com jejuns e penitências. Mas a renovação do coração é o fundamental. Por isso Paulo conclama na Segunda Coríntios,: “Eis agora o tempo favorável por excelência. Eis agora o dia da salvação” (2Cor 6,2). É o Hoje de Deus. Deus nos oferece a graça através dos meios sensíveis que praticamos. No texto original latino está escrito: “Per annua quadragesimalis exercitia sacramenti” – “pelas práticas anuais do sacramento quaresmal”. A tradução do missal diz: “ao longo dessa Quaresma”. Significa, ao certo, que na Quaresma recebemos a purificação e a santificação através dos símbolos que ela apresenta. Por isso podemos ouvir a chamada: “Eis o dia da salvação”. A reflexão primeira é a tentação de Jesus no deserto que nos faz perceber a realidade da tentação e os instrumentos para vencer essa batalha. O número quarenta, do qual vem o nome Quaresma (quadragesima die – quarenta dias), significa um tempo completo da ação de Deus e da resposta humana. Esse número se repete na travessia do deserto, no jejum de Jesus, na duração do dilúvio e outros. Mesmo que a sociedade não tenha mais a Quaresma como parte de sua vida (o carnaval não falha), a comunidade deve organizar-se para que possa preparar a celebração da Páscoa. Essa é a meta da Quaresma. Depois da Páscoa teremos sete semanas para beber dessa fonte e comer desse banquete que a Sabedoria nos oferece. 
Meu pai era um arameu errante 
Abrindo a temática quaresmal que vai culminar na Páscoa, temos a história que nos conta como Deus encaminhou seu povo. Desde a escolha de Abraão até a introdução na terra prometida. Como Páscoa é libertação de toda escravidão, o judeu fiel lembra que foi guiado por Deus e, sobretudo, libertado da escravidão. O mistério de Cristo se torna presente na comunidade como escolha de Deus e a libertação para introduzir num mundo novo que é a vida de Cristo em nós. Não podemos viver a Quaresma somente a partir dos exercícios espirituais que ficam sem efeito se não há uma finalidade: libertação do mal para a ressurreição em Cristo. Essa ressurreição, como vamos ler na carta de S. Paulo aos Colossenses no dia de Páscoa, está em buscar a vida do alto, pois morremos e nossa vida está escondida em Cristo (Cl 3,1-4). A vida do alto é a terra prometida por Cristo. A profissão de fé do judeu compreendia uma vida doada, simbolizada nos dons oferecidos, e oferta dos dons como reconhecimento. A vida cristã é um contínuo ofertar-se em Cristo participando de sua entrega ao Pai e reconhecendo sua ação em nós. Nossa história cristã está unida à presença de Cristo que se fez presente entre nós como Salvador. Por isso percorremos a história do povo de Deus para fazer o mesmo caminho, agora em Cristo. 
Crendo com o coração
Paulo nos oferece uma reflexão sobre a força da Palavra que vivemos. “Ela está perto de ti, em tua boca e em teu coração” (Rm 10, 8). Acolhemos a Palavra e a proclamamos como salvação: “Se, com tua boca confessares Jesus Cristo como Senhor e, no teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos serás salvo” (id 9); A fé não é somente um som de palavras, mas é o som do coração concorde com a verdade de Deus, e que deve ser também nossa verdade. A caminhada para a Páscoa nos põe em conversão e coerência de vida com o Evangelho que acreditamos e assumimos como vida. Não bastam os ritos. É preciso fé.
Malhação espiritual 
Estamos no tempo quaresmal. Fazemos exercícios espirituais para podemos estar prontos para a Páscoa. Muitos malham para ficar com o corpo em condições. O exercício espiritual prepararmos nosso corpo espiritual para celebrar saudáveis a festa para Deus. Fazemos todos os exercícios: corremos pressurosos ao encontro do Senhor. Dobramos nosso organismo para que seja forte para levar com Ele o peso da cruz e da glória. Tiramos a dormência de nossos membros para que sejam dominados pelo Espírito Santo. Equilibramos nossa comida para estarmos com o corpo espiritual saudável. Extirpamos tudo o que nos entorpece para correr com força e agilidade ao encontro das promessas que nos esperam. 
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