Duas são as santas com esse nome: Ema de Gurk (Áustria) e Ema da Saxônia (Alemanha). Muitos detalhes de suas vidas são semelhantes. Viveram no mesmo século (XI), ambas de nobre família, ambas se casaram e enviuvaram ainda jovens, repartiram seus bens com os pobres e levaram vida austera, dedicadas à oração e a obras de caridade.
Ema de Gurk, fundadora de dois mosteiros, morreu a 27 de maio de 1045, enquanto Ema da Saxônia a precedeu cinco anos, uma vez que morreu a 19 de abril de 1040. No mosteiro de São Liutgero em Werden, no Ruhr, perto de Dusseldorf, inexplicavelmente longe da Saxônia, conserva-se uma relíquia da santa: uma mão prodigiosamente intacta.
Um cronista alemão do mesmo século, Adão de Bremen, na sua História eclesiástica, nos dá informação sobre uma “nobilíssima Ema”, irmã de Meinverk, Bispo de Paderbom (morto em 1036 e também canonizado), e esposa do Conde Ludgero da Saxônia.
O conde morreu muito precocemente. Ema, apesar de ser muito jovem, bela, inteligente e com muitos pretendentes, livremente decidiu consagrar sua viuvez inteiramente ao Senhor. Sem filhos, se manteve constante em seu novo programa de vida, baseado na total dedicação às obras de caridade.
Generosa nas doações e no socorrer os outros, mas austera e intransigente consigo mesma, procurou a perfeição no difícil estado de viuvez, uma condição bastante incômoda para uma mulher que ficou só, exposta a mil insídias porque sem apoio e tornada alvo dos cálculos interesseiros de parentes próximos e afastados.
“Tu és jovem? – lê-se numa fervorosa prédica de São Bernardino de Sena dirigida às viúvas cristãs. Faze com que tua carne seja disciplinada. Quero que aprendas a viver como religiosa. Sê autêntica em tua alma. Queres marido? Toma-o em nome de Deus, livra-te dele. Mas nunca mais terás consolação... Assim seria melhor permaneceres viúva, servir a Deus do melhor modo que puderes, enquanto durar a tua vida”.
Ema havia escolhido esta última maneira de servir a Deus, a mais difícil e rara. Sua mão, que chegou intacta até nós, nove séculos e meio após sua morte, é sinal certo da sua mais característica virtude: a generosidade.
Sem filhos naturais, Santa Ema tornou-se mãe espiritual de uma multidão de pessoas. Verdadeira serva de Cristo, serviu o seu esposo celestial com a oração e a caridade, merecendo a devoção não de um marido, mas de milhões de cristãos que já há mais de nove séculos a honram com um culto público.
Ema faleceu em 19 de abril de 1040; ganhou o Céu como prêmio de quem soube rejeitar as propostas do mundo para viver a castidade e o amor aos pobres. Seu corpo, sem aquela mão de que se falou, repousa na catedral de Bremen.
Etimologia: Ema = gentil, fraterna, nutriz, do alemão antigo.
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