quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

REFLETINDO A PALAVRA - “Comerão e ainda sobrará”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
50 ANOS CONSAGRADO
Estava próxima a Páscoa
            Suspendemos a leitura do evangelho de Marcos e leremos na liturgia dos próximos domingos o capítulo seis do evangelho de João que proclama o discurso de Jesus sobre o Pão da Vida. Sabemos que João não relata a instituição da Eucaristia na Última Ceia e sim, dá-nos o sentido dela. João ensina o que significa crer e viver a Eucaristia como profissão de fé em Jesus e como alimento que dá a Vida Eterna. Para isso diz em primeiro lugar que a Eucaristia é Páscoa: “Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus” (Jo 6,4). João inicia o discurso do Pão da Vida com a multiplicação dos pães e dos peixes. A fé nos leva a crer em Jesus. Crendo nos alimentamos com o Pão partido e partilhado que é o Corpo e o Sangue do Senhor. A palavra peixe não se refere só a um recheio do pão, como se fosse um sanduíche. A palavra peixe em grego dá um monograma de Cristo: (ICHTYS) Jesus Cristo Filho do Deus Salvador. É como uma profissão de fé. Fazendo a multiplicação dos pães, Jesus faz o primeiro gesto da Eucaristia: parte o pão para distribuir. Deus, pela morte de seu Filho dá-nos Jesus como alimento a ser partilhado. Todos recebem do Pão da Vida, Jesus em abundância. Ensina que, quando comemos deste pão, aprendemos partilhar com os outros nossa vida e o que temos. Por isso partiu e repartiu. É de cinco pães e dois peixes que se faz a multiplicação. É o pão dos pobres, não de trigo, mas de cevada. O pouco que uma mamãe preparara para seu filho pequeno, torna-se alimento para todos. É um pão que tinha sabor de mãe. Tão poucos pães, repartidos alimentaram todos e ainda sobraram doze cestos, número das doze tribos de Israel e dos doze apóstolos. É o antigo e o novo povo. Jesus é alimento para todos. Todo aquele que crer terá a vida eterna. Todo o que comer deste pão viverá para sempre, O pão que Eu darei, é minha carne para a vida do mundo.
Guardar a unidade
Como a Eucaristia é Páscoa do Senhor, ao celebrá-la e recebê-la como alimento, participamos da Páscoa do Senhor, de sua morte e ressurreição. Nossa ressurreição não é somente para uma eternidade que vivemos, mas ela acontece porque saímos de nós mesmos e entramos no Corpo de Cristo que é a Igreja, reunião dos irmãos. Como o Pai ressuscitou Jesus, ressuscita-nos do túmulo de nosso individualismo para compormos o Corpo de Cristo na unidade do Espírito. Paulo nos convida a “guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz. Há um só Corpo, e um só Espírito” (Ef 4,3-4). A multiplicação dos pães é uma explicação do sentido da Eucaristia que deve ser multiplicada pela partilha da vida no serviço fraterno de compor o corpo para que haja a fraternidade. 
Recolhei o que sobrou
João diz que foram recolhidos os pedaços que sobraram e encheram 12 cestos. Jesus coloca nas mãos dos apóstolos os 12 cestos conferindo-lhes a missão e o poder de multiplicar o pão partilhando na Palavra e na Eucaristia. Se os cinco pães e os dois peixes saciaram a multidão, quanto não servirá para a multiplicação os pães que Jesus lhes põe nas mãos? Há fome de pão e fome de Deus no mundo. Aos que creem é dada a riqueza do sacramento para ser distribuído em abundância. Colocando esse texto no momento atual, sabemos da fome que existe pelo mundo como também do desperdício de alimento. A Eucaristia ensina a partilhar. Sem esta,  não celebramos como Jesus quis. Partilhar é saber aproveitar as riquezas que nos são dadas. Assim celebramos a Páscoa.

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