Suspendemos
a leitura do evangelho de Marcos e leremos na liturgia dos próximos domingos o capítulo
seis do evangelho de João que proclama o discurso de Jesus sobre o Pão da Vida.
Sabemos que João não relata a instituição da Eucaristia na Última Ceia e sim,
dá-nos o sentido dela. João ensina o que significa crer e viver a Eucaristia
como profissão de fé em Jesus e como alimento que dá a Vida Eterna. Para isso
diz em primeiro lugar que a Eucaristia é Páscoa: “Estava próxima a Páscoa, a
festa dos judeus” (Jo
6,4). João inicia o discurso do Pão da Vida com a multiplicação dos pães
e dos peixes. A fé nos leva a crer em Jesus. Crendo nos alimentamos com o Pão
partido e partilhado que é o Corpo e o Sangue do Senhor. A palavra peixe não se
refere só a um recheio do pão, como se fosse um sanduíche. A palavra peixe em
grego dá um monograma de Cristo: (ICHTYS) Jesus Cristo Filho do Deus Salvador. É
como uma profissão de fé. Fazendo a multiplicação dos pães, Jesus faz o
primeiro gesto da Eucaristia: parte o pão para distribuir. Deus, pela morte de
seu Filho dá-nos Jesus como alimento a ser partilhado. Todos recebem do Pão da Vida,
Jesus em abundância. Ensina que, quando comemos deste pão, aprendemos partilhar
com os outros nossa vida e o que temos. Por isso partiu e repartiu. É de cinco
pães e dois peixes que se faz a multiplicação. É o pão dos pobres, não de trigo,
mas de cevada. O pouco que uma mamãe preparara para seu filho pequeno, torna-se
alimento para todos. É um pão que tinha sabor de mãe. Tão poucos pães,
repartidos alimentaram todos e ainda sobraram doze cestos, número das doze
tribos de Israel e dos doze apóstolos. É o antigo e o novo povo. Jesus é
alimento para todos. Todo aquele que crer terá a vida eterna. Todo o que comer
deste pão viverá para sempre, O pão que Eu darei, é minha carne para a vida do
mundo.
Guardar
a unidade
Como a Eucaristia é Páscoa do Senhor, ao
celebrá-la e recebê-la como alimento, participamos da Páscoa do Senhor, de sua
morte e ressurreição. Nossa ressurreição não é somente para uma eternidade que
vivemos, mas ela acontece porque saímos de nós mesmos e entramos no Corpo de
Cristo que é a Igreja, reunião dos irmãos. Como o Pai ressuscitou Jesus,
ressuscita-nos do túmulo de nosso individualismo para compormos o Corpo de
Cristo na unidade do Espírito. Paulo nos convida a “guardar a unidade do
Espírito pelo vínculo da paz. Há um só Corpo, e um só Espírito” (Ef 4,3-4). A
multiplicação dos pães é uma explicação do sentido da Eucaristia que deve ser
multiplicada pela partilha da vida no serviço fraterno de compor o corpo para
que haja a fraternidade.
Recolhei
o que sobrou
João diz que foram recolhidos os pedaços que sobraram
e encheram 12 cestos. Jesus coloca nas mãos dos apóstolos os 12 cestos conferindo-lhes
a missão e o poder de multiplicar o pão partilhando na Palavra e na Eucaristia.
Se os cinco pães e os dois peixes saciaram a multidão, quanto não servirá para
a multiplicação os pães que Jesus lhes põe nas mãos? Há fome de pão e fome de
Deus no mundo. Aos que creem é dada a riqueza do sacramento para ser
distribuído em abundância. Colocando esse texto no momento atual, sabemos da
fome que existe pelo mundo como também do desperdício de alimento. A Eucaristia
ensina a partilhar. Sem esta, não
celebramos como Jesus quis. Partilhar é saber aproveitar as riquezas que nos
são dadas. Assim celebramos a Páscoa.
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