sábado, 29 de dezembro de 2018

REFLETINDO A PALAVRA - “O Fruto da Paz”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
50 ANOS CONSAGRADO
43 ANOS SACERDOTE
1627. Paz não é sossego
            Em Roma, depois que foram dominados todos os povos vizinhos do império, isto é, massacrados, ergueu-se um altar à paz (Ara Pacis). Ainda está lá como um belo monumento. Tudo à custa de muito sangue e muita dor. Essa não é a paz que se busca. A paz que se pede, como escreve Paulo, é fruto do Espírito: “O fruto do Espírito é amor, alegria, paz, longanimidade....” (Gl 5,22). Não se reduz à ausência de problemas; não se trata de sufocar problemas que existam em volta; não é consenso de escritório.  Continuando, Papa Francisco diz que a “dignidade da pessoa humana e o bem comum estão acima da tranqüilidade de alguns que não querem renunciar seus privilégios. A paz é para todos. Quando estes valores são afetados, é necessária a voz profética” (EG 218). Paz não é ausência de guerra, fruto do equilíbrio de forças. Citando Paulo VI, escreve que a paz “se constrói dia a dia, na busca de uma ordem querida por Deus, que traz consigo uma justiça mais perfeita entre os homens” (Populorum Progressio, 76). A paz que não surja como fruto do desenvolvimento integral de todos, não terá futuro e será sempre semente de novos conflitos (EG 219). Os cidadãos são responsáveis e não uma massa arrastada por forças dominantes. Às vezes dizemos que o mundo não tem líderes. Podemos responder que o povo é menos massa dominada por líderes. Citando os bispos americanos diz: “ser cidadão fiel é uma virtude, e a participação na vida política é uma obrigação moral” (EG 220). É necessária a integração e a cultura do encontro. O Papa mostra quatro princípios apresentados na doutrina social da Igreja para a interpretação dos fenômenos sociais.
1628. O tempo é um mestre
            Temos vontade de chegar a uma determinada situação e temos os limites. O final nos atrai. É a utopia que não é um sonho, mas um lugar a se chegar. É preciso suportar com paciência as situações que a realidade nos impõe. Não chegamos a resultados imediatos. As árvores de cerne crescem devagar, diz a sabedoria popular. “Dar prioridade ao tempo é ocupar-se mais com iniciar processos do que possuir espaços... trata-se de privilegiar as ações que geram novos dinamismos... ”(EG 223). O Papa pergunta: “Quem no mundo atual se preocupa mais com gerar processos que construam um povo do que obter resultados imediatos?” (EG 224). O mesmo se faça para a evangelização. É preciso paciência e vencer os obstáculos pela bondade. Urge a formação do povo de Deus.
1629. Força da unidade
            Conflitos sempre existirão. E é bom que existam porque a unidade não vem da imposição, mas em buscar juntos a solução. Não se pode escamotear o conflito nem se afogar nele, mas... “aceitar o conflito, resolvê-lo e transformá-lo no elo de um novo processo”. “Felizes os pacificadores”, disse Jesus (EG 227). A unidade é superior ao conflito. Cristo é nossa paz (Ef 2,14). A paz é possível porque o Senhor venceu o mundo e sua permanente conflitualidade, pacificando pelo sangue de sua cruz (Cl 1,20). O primeiro conflito a ser superado é o interno. Com corações despedaçados, será difícil construir uma verdadeira paz social. É como se diz: somente dando todos os pedaços de um vaso quebrado que conseguiremos reconstituí-lo. “A diversidade é bela quando aceita entrar constantemente num processo de reconciliação até selar uma espécie de pacto cultural que faça surgir uma diversidade reconciliada” (EG 230). Ser conciliar é ter maior vitória.
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