PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 50 ANOS CONSAGRADO 43 ANOS SACERDOTE |
Em
Roma, depois que foram dominados todos os povos vizinhos do império, isto é,
massacrados, ergueu-se um altar à paz (Ara Pacis). Ainda está lá como um belo
monumento. Tudo à custa de muito sangue e muita dor. Essa não é a paz que se
busca. A paz que se pede, como escreve Paulo, é fruto do Espírito: “O fruto do
Espírito é amor, alegria, paz, longanimidade....” (Gl 5,22). Não se reduz à ausência de
problemas; não se trata de sufocar problemas que existam em volta; não é
consenso de escritório. Continuando,
Papa Francisco diz que a “dignidade da pessoa humana e o bem comum estão acima
da tranqüilidade de alguns que não querem renunciar seus privilégios. A paz é
para todos. Quando estes valores são afetados, é necessária a voz profética” (EG 218). Paz não é
ausência de guerra, fruto do equilíbrio de forças. Citando Paulo VI, escreve
que a paz “se constrói dia a dia, na busca de uma ordem querida por Deus, que
traz consigo uma justiça mais perfeita entre os homens” (Populorum Progressio, 76). A paz que
não surja como fruto do desenvolvimento integral de todos, não terá futuro e
será sempre semente de novos conflitos (EG 219). Os cidadãos são responsáveis e não uma massa arrastada
por forças dominantes. Às vezes dizemos que o mundo não tem líderes. Podemos
responder que o povo é menos massa dominada por líderes. Citando os bispos
americanos diz: “ser cidadão fiel é uma virtude, e a participação na vida
política é uma obrigação moral” (EG 220). É necessária a integração e a cultura do encontro. O
Papa mostra quatro princípios apresentados na doutrina social da Igreja para a
interpretação dos fenômenos sociais.
1628.
O tempo é um mestre
Temos vontade de chegar a uma determinada
situação e temos os limites. O final nos atrai. É a utopia que não é um sonho,
mas um lugar a se chegar. É preciso suportar com paciência as situações que a
realidade nos impõe. Não chegamos a resultados imediatos. As árvores de cerne
crescem devagar, diz a sabedoria popular. “Dar prioridade ao tempo é ocupar-se
mais com iniciar processos do que possuir espaços... trata-se de privilegiar as
ações que geram novos dinamismos... ”(EG 223). O Papa pergunta: “Quem no mundo atual se preocupa mais
com gerar processos que construam um povo do que obter resultados imediatos?” (EG 224). O mesmo se
faça para a evangelização. É preciso paciência e vencer os obstáculos pela
bondade. Urge a formação do povo de Deus.
1629.
Força da unidade
Conflitos sempre existirão. E é bom
que existam porque a unidade não vem da imposição, mas em buscar juntos a
solução. Não se pode escamotear o conflito nem se afogar nele, mas... “aceitar
o conflito, resolvê-lo e transformá-lo no elo de um novo processo”. “Felizes os
pacificadores”, disse Jesus (EG 227). A unidade é superior ao conflito. Cristo é nossa paz (Ef 2,14). A paz é
possível porque o Senhor venceu o mundo e sua permanente conflitualidade,
pacificando pelo sangue de sua cruz (Cl 1,20). O primeiro conflito a ser superado é o interno. Com
corações despedaçados, será difícil construir uma verdadeira paz social. É como
se diz: somente dando todos os pedaços de um vaso quebrado que conseguiremos
reconstituí-lo. “A diversidade é bela quando aceita entrar constantemente num processo
de reconciliação até selar uma espécie de pacto cultural que faça surgir uma
diversidade reconciliada” (EG
230). Ser conciliar é ter maior vitória.
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