Papa
Francisco diz que “este imperativo de ouvir o clamor dos pobres faz-se carne em
nós, quando em nosso íntimo de nós mesmo nos comovemos à vista dos sofrimentos
alheios” (EG 193).
Ninguém vai se preocupar com os necessitados se isso não está em seu coração
como vida do Evangelho. A opção pelos necessitados não é social, mas
profundamente evangélica. Sem isso ela se torna política, como pudemos ver. O
Papa continua buscando na Palavra de Deus os fundamentos da misericórdia. A
misericórdia é mais útil para quem a pratica do que para quem a recebe, pois
ela nos permite sair triunfantes no juízo Divino. Lembra S. Tiago: “Quem
pratica a misericórdia será julgado sem misericórdia. Mas a misericórdia não
teme o julgamento” (Tg
2,12-13). E continua sua leitura da Palavra: “A esmola livra da morte e
limpa de todo o pecado” (Tb
12,9). Cita a primeira carta de Pedro: “Mantende entre vós uma intensa
caridade, porque o amor cobre a multidão dos pecados” (1Pd 4,8). Muitas vezes as pessoas
sofrem com pecados que as escravizam. O melhor remédio é a caridade. Papa
Francisco disse que há muita oração e pouca caridade. Afirma que não dá para
fazer uma interpretação que relativize estas palavras e diz: “Jesus ensinou-nos
este caminho de reconhecimento do outro, com as suas palavras e com seus
gestos. Por que ofuscar o que está tão claro?... Não nos preocupemos só com não
cair em erros doutrinais, mas também com o ser fiéis a esse caminho luminoso de
vida e sabedoria” (EG
194). Pior é ter uma boa doutrina
e justificar situações intoleráveis de injustiça e regimes políticos que mantêm
estas situações (EG
194).
1619. Dureza de coração
Os apóstolos insistiram com Paulo sobre a ajuda que
deveria fazer aos pobres de Jerusalém. O motivo era que não ficassem no
individualismo dos pagãos (Gl
2,10). Nunca deve faltar a opção pelos últimos, por aqueles que a
sociedade descarta e lança fora (EG 195). O consumismo e a distração que a sociedade nos oferece
podem endurecer nosso coração. Vivemos alienados, o que torna difícil a
solidariedade (João
Paulo II - Centesimus Annus 41).
Pior que não se ligar com a situação dos necessitados é nem percebê-los. Que
formação os meios de comunicação nos oferecem? Eles destroem até a proverbial
generosidade dos pobres, sua solidariedade e sua dedicação aos demais. Eles se
tornam duplamente pobres, pois não possuem e sentem o não possuir como a maior
desgraça. Daí vemos as conseqüências.
1620. Os pobres no povo de Deus
No coração de Deus ocupam lugar preferencial os
pobres, pois Ele se fez pobre. O caminho da Redenção está marcado pelos pobres.
Basta ver a vida de Jesus e de Maria. Jesus os coloca como meta de sua missão:
“O Senhor me enviou para evangelizar os pobres” (Lc 4,18). As bem-aventuras se iniciam com as
palavras: “Felizes vós os pobres, porque vosso é o Reino de Deus” (Lc 6,20). A Igreja é
chamada a ter os sentimentos de Cristo que sendo rico se fez pobre (Fl 2,5). O desejo do
Papa é uma Igreja pobre para os pobres.
E os que possuem bens? Com o poder e a força que possuem podem reverter
as situações de pobreza do mundo. Mais que bens de consumo, os pobres querem
atenção, amizade e respeito. “Que os pobres se sintam, em qualquer comunidade
cristã como ‘em casa’. Não seria, este novo estilo, a maior e mais eficaz
apresentação da boa nova do Reino?”(J.Paulo II, Novo Millenio ineunte,50). O Papa diz ainda: “que a
pior discriminação que sofrem os pobres é falta de cuidado espiritual”(Id).
Nada justifica aos cristãos não ter a atenção voltada para os necessitados. A
questão dos pobres não é política. É religiosa que deve formar a política.
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