Os milagres de
Jesus correspondem às expectativas de tempos novos, semelhantes aos tempos do
Êxodo e da volta do Exílio, como diz Isaias (Is 35,4-7). O povo, diante
dos milagres de Jesus, dizia: “Ele tem feito bem todas as coisas: Faz os mudos
falarem e os surdos ouvirem” (Mc 7,37). É o anúncio de
que chegaram os tempos messiânicos. Vivemos esses tempos. Os milagres se
referem a todos e não só aos beneficiados. A carta de S. Tiago ensina a tomar
atitudes novas a partir da fé em Jesus. Esse santo homem de Deus, estimado pela
comunidade, tem uma linguagem forte e prática: “A fé que tendes em Jesus não
deve admitir acepção de pessoas” (Tg 2,1). Era um
problema que existia e ainda existe. O respeito se deve a todos. Convoca a
tratar todos de modo igual e não fazer distinção de pessoa privilegiando os
ricos e poderosos. Deus não faz acepção
de pessoas. Tratar com respeito a todos é inteligência espiritual. Essa mudança
de atitude será real quando nos deixarmos curar por Jesus. Jesus curou um
surdo-mudo. Abre os ouvidos para ouvir a Palavra e a boca para anunciá-la. Usou
a saliva: Ela era tida como uma espécie de semente da palavra. Está a
significar que Jesus cura pela Palavra anunciada. A fé tem uma força curativa.
Cura as atitudes. As missas de cura são muito apreciadas. Mas é preciso também
curar nossas atitudes. A fé em Jesus não é a crença em uma série de verdades. É
uma vida nova que transforma nosso modo de ser e viver entre as pessoas. O
modelo é Deus que não faz acepção de pessoas. Eis o sinal que tempos novos
estão chegando.
Um
gesto transformador
O gesto de Jesus
é usado no rito batismal no qual o celebrante dizendo effeta, tocando os ouvidos e a boca do batizando, diz: “O Senhor,
que fez os surdos ouvirem e os mudos falarem, conceda-te que possas logo ouvir
a sua palavra e professar a fé para o louvor e glória de Deus Pai”. A fala
estão em relação com a Palavra. O batismo nos faz idôneos para ouvir o
Evangelho e proclamá-lo. O salmo convida ao louvor pelo bem que Deus que faz
aos sofredores, em particular os pobres. O profeta Isaias faz as promessas que
se realizam em Jesus. Esta atitude de acolhimento vai ao concreto da
comunidade. A transformação provocada pela fé incide fortemente sobre a vida da
comunidade. Tiago trata da distinção que se faz entre pessoas. No
relacionamento com os pobres há questões profundas. A riqueza da fé que é garantia do Reino de
Deus é muito superior. Os pobres têm outro tesouro. Os pobres julgam os ricos
poderosos para fazê-los ricos do único Tesouro que permanece, a fé que os torna
dignos herdeiros do Reino do Céu. Deus dá o Reino a quem O ama. Se a conversão
leva à mudança, são herdeiros.
Aprendendo do milagre
Atualizando o
ensinamento desse milagre somos chamados a ter ouvidos atentos à Palavra de
Deus, não só escrita, mas à Palavra viva e eficaz, presente no mundo. É o
momento de saber falar as línguas do Espírito, isto é, proclamar o Evangelho em
todas as linguagens do momento presente. Os novos meios de comunicação são um
dom antes de ser um problema. Esta é a atitude fundamental do Servo de Javé:
“Ele me desperta cada manhã e me excita os ouvidos, para prestar atenção como
um discípulo” (Is. 50,4). Deus ao terminar a obra da criação
“viu tudo que havia feito era muito bom” (Gn 1,31). De Jesus se
dizia: “Ele tem feito bem todas as coisas: aos surdos faz ouvir e aos mudos
falar”. É a nova criação. Nossa missão será fazer novas todas as coisas ouvindo
e o anúncio da Palavra.
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