segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

REFLETINDO A PALAVRA - “A liberdade do Espírito Santo”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA-REDENTORISTA
50 ANOS CONSAGRADO
43 ANOS SACERDOTE
Ninguém é dono de Jesus
Onde está o Reino de Deus?  Está onde age o Espírito. Na liturgia desse domingo temos dois momentos diferentes com o mesmo ensinamento. O primeiro, no Livro dos Números, quando os setenta anciãos convocados por Moisés para partilhar de sua missão, receberam o Espírito e começaram a profetizar. O segundo, estavam fora do grupo e profetizavam. Foram avisar a Moisés que respondeu a Josué: “Quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta e que o Senhor lhe concedesse o seu espírito” (Nm 11, 25-29). O mesmo fato se repete com Jesus. Havia um homem que fazia milagres em seu nome não pertencia ao grupo dos discípulos. João diz que o proibiu. Jesus respondeu: “Não o proibais, pois ninguém faz milagres em meu nome para depois falar mal de mim. Quem não é contra nós, é a nosso favor” (Mc 9,38-39). Aprendamos destes dois fatos um ensinamento sobre o Reino de Deus e a ação do Espírito Santo.  Ninguém é dono do Espírito. O Reino é maior que nossas estruturas eclesiais. A Igreja tem uma missão recebida de Jesus com toda autoridade para anunciar o Reino e reconhecer onde está sua ação. Há quem diga na Igreja que, quem não é como sou não está no Reino de Deus e não pertence à Igreja. Às vezes não é nem por causa de dogmas de fé, mas de tradições criadas, políticas eclesiásticas, culturas que envolveram a Igreja. O dinamismo do Reino é incontrolável. Ninguém é dono do Espírito Santo. Quem busca Deus na sinceridade de seu coração, pratica a justiça e quer a paz, vive o Evangelho de um modo diverso, às vezes melhor que nós. Não podemos confundir a instituição com o Reino. Temos toda a doutrina e a verdade, mas se não as vivermos, podemos nos colocar fora. Muitos fiéis que ousaram renovar a Igreja, foram excluídos e até mortos. E temos ainda muito destes entraves na Igreja.
Reino em pequenos gestos
 Os judeus esperavam um Messias diferente do pensamento de Jesus. Valiam os grandes gestos, as belas manifestações... Jesus diz que um copo d’água não perderá sua recompensa. O Reino se manifesta nos gestos que fazemos. Há gestos que destroem os pequeninos do Reino: o escândalo. Jesus usa um termo forte: “Seria melhor que fosse jogado no mar com uma pedra de moinho amarrada ao pescoço” (Mc 9,42). Aqui vemos os tantos escândalos que são dados aos pequenos e fracos. Uma rede de televisão disse que não era religiosa e, por isso, podia passar o que quisesse. Assim perverte a mente e o coração. Melhor seria jogá-la no mar. Todos têm obrigação de evitar tudo que possa fazer mal ao outro. Os membros da Igreja, com seus escândalos, devem olhar a pedra de moinho. E Jesus vai mais longe. O que em nós for causa de pecado, seja a mão, o pé ou o olho, significando as ações más, os maus caminhos e o desejo de coisas perniciosas que impedem o Reino, devem ser cortados. Não o membro, mas a atitude que conduz à morte.
As lágrimas do Reino
O Reino de Deus esteve sempre encharcado das lágrimas dos sofredores que deram a vida como o Cristo e das lágrimas dos que comem o pão da amargura e da exploração dos poderosos. Jesus dizia: “Como é difícil ao rico entrar no Reino de Deus” não por ser rico e ter poder, mas por não ter a sabedoria e não deixar agir o Espírito de Deus. Tiago é duro com os ricos que não cumprem suas obrigações de pagar os salários e vivem luxuosamente. Isso é uma desgraça. O Espírito age onde quer, mas desde que seja a favor de Cristo. Ninguém é dono e não queira fazer uma igrejola para si.
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