Evangelho segundo São Mateus 15,29-37.
Naquele tempo, foi Jesus para junto do mar da Galileia e, subindo ao monte, sentou-se.
Veio ter com Ele uma grande multidão, trazendo coxos, aleijados, cegos, mudos e muitos outros, que lançavam a seus pés. Ele curou-os,
de modo que a multidão ficou admirada, ao ver os mudos a falar, os aleijados a ficar sãos, os coxos a andar e os cegos a ver; e todos davam glória ao Deus de Israel.
Então Jesus, chamando a Si os discípulos, disse-lhes: «Tenho pena desta multidão, porque há três dias que estão comigo e não têm que comer. Mas não quero despedi-los em jejum, pois receio que desfaleçam no caminho».
Disseram-Lhe os discípulos: «Onde iremos buscar, num deserto, pães suficientes para saciar tão grande multidão?»
Jesus perguntou-lhes: «Quantos pães tendes?» Eles responderam-Lhe: «Sete, e alguns peixes pequenos».
Jesus ordenou então às pessoas que se sentassem no chão.
Depois tomou os sete pães e os peixes e, dando graças, partiu-os e foi-os entregando aos discípulos e os discípulos distribuíram-nos pela multidão.
Todos comeram até ficarem saciados. E com os pedaços que sobraram encheram sete cestos.
Tradução litúrgica da Bíblia
Beato John Henry Newman (1801-1890)
teólogo, fundador do Oratório em Inglaterra
Doze Meditações e Intercessões para a Sexta-Feira Santa, 9-10
« Tenho pena desta multidão»
Diz-nos a Escritura: «Tens compaixão de todos, pois tudo podes e desvias os olhos dos pecados dos homens, a fim de os levar à conversão. Tu amas tudo quanto existe e não detestas nada do que fizeste. […] Tu poupas a todos, por¬que todos são teus, ó Senhor, que amas a vida!» (Sab 11,23s). Aquilo que O fez descer do Céu e receber o nome de Jesus […] foi o seu grande amor pelos homens, a sua compaixão pelos pecadores.
Porque haveria de consentir esconder a sua glória num corpo mortal, se não desejasse ardentemente salvar os que se tinham afastado, os que tinham perdido por completo a esperança da salvação? Ele próprio declara: «O Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido» (Lc 19,10). Para não nos deixar perecer, Ele fez tudo o que pode fazer um Deus omnipotente, segundo os seus atributos divinos: deu-Se a Si mesmo. Ele ama-nos a todos de tal maneira, que quer dar a vida por cada um de nós, e de forma tão absoluta e tão plena por cada um, como se não houvesse mais ninguém. Ele é o nosso melhor amigo […], o único amigo verdadeiro, e recorre a todos os meios possíveis para conseguir que Lhe devolvamos este amor. Não nos recusa coisa alguma, se consentirmos em O amar. […]
Ó meu Senhor e meu Salvador, nos teus braços estou seguro. Se me guardares, nada terei a temer; se, porém, me abandonares, nada poderei esperar. Não sei o que vai acontecer-me desde agora até à hora da minha morte, não sei o que será o futuro, mas confio-me a Ti. […] Repouso totalmente em Ti, porque Tu sabes o que é bom para mim, e eu não sei.
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