As celebrações do Domingo de Ramos são uma
síntese de toda a Semana Santa, de modo particular do Tríduo Pascal. Dá-nos
visão do sofrimento que culmina na ressurreição e na glória do Filho de Deus.
Podemos, deste modo, entender o mistério de Jesus em seu conjunto. Sua morte
não foi uma fatalidade, mas o caminho pelo qual se fez o servo que carrega
sobre si os sofrimentos do povo (Is 53,4). A celebração inicia-se com uma procissão que vem de um lugar fora da
igreja. É um modo de repetir o gesto de Jesus, fazendo assim memória de sua
entrada na cidade santa. Este ato quer lembrar que Jesus é o Rei Messias
prometido que entra em sua cidade como um rei, montado num jumento, que não era
um animal de guerra. Ele é o rei pacífico que vem trazer a paz. Quando Ele
chora sobre a cidade, diz: “Ah! Se neste dia também tu conhecesses a mensagem
de paz” (Lc 19,42).
Trata-se da paz completa que Deus dá. Os mantos estendidos reconhecem sua
realeza. O povo gritava “Hosana!”. É uma aclamação que lembra a Divindade. Lembramos
que a Igreja deve ser sempre pacífica e promotora de paz. Nesta celebração
recebemos o ensinamento da Paixão que conduz à ressurreição. Notamos nos textos
de hoje a insistência sobre a humildade. Não significa abaixamento, destruição
de si, mas misericórdia e compaixão que acolhe. Na carta aos Filipenses Paulo
nos ensina o que aprendeu no hino que as comunidades cantavam. Ele não se
apegou à glória da divindade, mas esvaziou-se, assumindo a condição de escravo
e tornando-se igual aos homens (Fl 2,6-8). Este ensinamento atravessa esses dias, e nós o veremos na Ceia quando
lava os pés dos apóstolos. Faz-se escravo, pondo-se a serviço. Em nossa prática
religiosa e na política da Igreja, corremos o risco de justificar a busca de
glória e de poder que não estão no exemplo de Jesus. Isso pode levar inconsistência
no testemunho. Diz Ele: “Entre vos não será assim” (Mt
20,26).
Humilhou-se até à morte
Rezamos na oração da missa: “Concedei-nos
aprender do ensinamento de sua paixão e ressuscitar com Ele em sua glória”. Jesus
chama a segui-lo e mostra nossa participação no seu sofrimento: “Se alguém quer
me servir, siga-me e onde estou eu, aí também estará o meu servo” (Jo
12,6). Ele é a escola: “Tomai
sobre vós o meu jugo e aprende de mim, porque sou manso e humilde de coração” (Mt
11,29). No contexto da entrega
sacrifical de Jesus ao Pai pelo mundo, surge sempre a figura do cordeiro manso,
que não abriu a boca: “como a ovelha diante dos que a tosquiam, ele não abriu a
boca” (Is 53,7).
Deus O exaltou
Como na piedade popular, a Semana Santa não
termina na procissão no enterro, mas na gloriosa procissão que Ele encabeça, em
sua ressurreição, rumo ao Pai quando Lhe entregará o Reino (1Cor
15,24). Jesus assume a natureza
humana por completo e confia no Pai. Por isso o Pai Lhe dá a vitória sobre a
morte, não só para si, mas para todos os que Nele creem: “Quem crê, tem a vida
eterna e eu o ressuscitarei no ultimo dia” (Jo 6,40). Celebrando a Páscoa de Jesus, acompanhemos
com amor seus passos que são os nossos. A Ressurreição é o fundamento de nossa
fé. Ele nos remiu com sua Morte e Ressurreição.
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