Aproximamo-nos da celebração da Páscoa do
Senhor, de sua passagem para o Pai. Jesus fez de sua vida uma continua entrega
ao Pai. Sempre mostrou claro o que significava sua vida: perder-se para
possuir-se; Morrer para ter a Vida. É a glorificação. A cruz de Jesus é
atração. Quando os gregos pedem para ver Jesus, Ele entende que é o momento de
sua passagem. Para tanto, conta a parábola do grão de trigo: “Se o grão de
trigo não cai na terra não morre, e permanece só um grão de trigo; mas, se
morre, então produz muito fruto” (Jo 12,24). Assim é sua vida, sua morte produzirá o grande fruto
de redenção a todos os povos. Há pouco tempo li uma frase que diz que o
catolicismo pegou a pior parte da doutrina: a cruz. Paulo é claro: “Os judeus
pedem sinais (milagres), os gregos buscam sabedoria; nós, porém, anunciamos
Cristo crucificado, que para os judeus é escândalo, para os pagãos é loucura,
mas para os que são chamados, é Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus” (1Cor 1,22-23). O ser
glorificado na cruz mostra que Jesus tem a sua humanidade, pois passou pelas
angústias do sofrimento, como lemos na carta aos Hebreus: “Cristo, nos dias de
sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas,
àquele que era capaz de salvá-lo da morte. E foi atendido por causa de sua
entrega a Deus... Mas na consumação de sua vida, tornou-se causa de salvação
eterna para todos os que lhe obedecem” (Hb 5,7.9). É o grande julgamento: “Quanto eu for elevado da
terra atrairei todos a mim” (Jo 12,32). É por isso que temos os crucifixos por toda parte. Não
adoramos um Deus morto, mas aquele que, pela morte, teve a vida e nos deu a
vida.
Caminhar com a mesma caridade
Escolhemos
certo, pois Jesus confirma: “Quem se apega a sua vida, perde-a; mas quem faz
pouca conta de sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna” (Jo 12,25). A liturgia
deste domingo nos coloca bem dentro desta temática: “Dai-nos a graça de
caminhar com alegria na mesma caridade que levou vosso filho a entregar-se à
morte no seu amor pelo mundo” (Oração). Jesus convida a estar com Ele onde estiver e com a
mesma disposição: “Se alguém me quer servir, siga-me, e onde eu estou estará o
meu servo” (Jo 12,26).
O grande prêmio do cristão, aquele que lhe dará a glorificação, é estar unido a
Jesus cruz. Há santos que não sofreram? Os mais que se perderam, foram os mais
úteis ao mundo: “Quem se apega a sua vida, perde-a; mas quem faz pouca conta de
sua vida neste mundo, conservá-la-á para eternidade” (25).
Ouvir com o coração
Pelo
que vemos na história da salvação, a dureza de coração e o fechamento dos
ouvidos foram a desgraça do povo. O coração é o símbolo dos sentimentos para
com Deus: “Criai em mim um coração puro e dai-me de novo um espírito decidido” (Sl 50). Junto ao
coração temos a obediência à Palavra. Obediência significa estar de ouvidos
abertos ao Deus que quer falar. O profeta fala de tempos futuros nos quais vai
haver uma aliança nova. Nova em relação à aliança do Sinai escrita em pranchas
de pedra. Agora vai ser impressa nas entranhas, isto é no centro dos
sentimentos e escrita no escrita coração (Jr 31,33). O contrato é uma escolha amorosa
de quem se define por alguém; “Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo” (id). Dizemos em cada
Eucaristia: “Sangue da nova aliança”. Sangue jorrado do coração transpassado
pela lança que selou o compromisso definitivo.
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