PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA |
“Transfiguração do Senhor”
Uma festa
completa
Celebramos a Transfiguração do
Senhor como uma festa especial no calendário da Igreja. Nesse dia temos tantas
festas com nomes diferentes que celebram o Bom Jesus. Estamos mais ligados ao
Jesus sofredor, pois nos toca mais de perto. Celebramos hoje o Jesus
glorificado que é também passa pelo sofrimento de sua Paixão. Glorificado, mas
não deixa de ser o Homem de Nazaré. Como vemos, Ele, na condição humana se
manifesta glorioso. É completa também porque tem a presença do Moisés e Elias,
simbolizando a Lei e os Profetas, e os discípulos que são os iniciadores do
novo povo e vivem a nova lei que está em Jesus. No Antigo Testamento a Lei era
vista como a letra, no Novo a lei está no Espírito que coloca em nosso coração
as palavras de Jesus. É por isso que o Pai diz: “este é meu Filho Amado no qual
pus todo meu agrado. Escutai! (Mt 17,5). Em certo
sentido a Transfiguração de Jesus no monte é uma comunicação da nova lei e do
novo povo, como o foi no Monte Sinai. É um novo começo. Pedro, vê nessa
manifestação um momento de grande prazer: “ É bom estarmos aqui. Se quiserdes vou
fazer aqui três tendas: uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias” (id.
4).
Há um sentido de permanência no Antigo Testamento. Era uma tentação da
comunidade primitiva. Mas também conta com a presença de Deus de forma
gloriosa, como foi no Sinai. Este momento maravilhoso para os discípulos é como
momento de compreensão da Paixão que é seguida da Ressurreição gloriosa.
No amor do Pai
A declaração do
Pai ao apresentar o Filho envolve todo o projeto de sua missão: “Este é o meu
Filho amado no qual ponho o meu bem-querer” (2Pd 1,17). Estas palavras
calaram fundo no coração de Pedro. É no amor do Pai que se realiza a redenção
da humanidade através do acolhimento de Jesus que comunica as palavras do Pai.
A obra da Redenção é uma obra do amor do Pai que envia o Filho Dileto para
comunicar seu amor e atrair ao mesmo amor. A comunhão com Deus é participação
de sua divindade amorosa. Repetimos muito que Jesus veio tirar nossos pecados.
Certo. Mas, o que tira os pecados é a comunhão de amor com Deus. Temos que
salientar o amor em todas as suas dimensões místicas, espirituais, humanas,
sociais. Desse modo teremos a libertação dos pecados e a força para vencer a
tentação. Pedro escreve que o amor cobre a multidão dos pecados: “Tende ardente amor uns para com os outros;
porque o
amor cobrirá a multidão de pecados. Sendo
hospitaleiros uns para com os outros” (1Pd 4,8). É um amor espiritual que vai ao prático da vida. Diz Tiago: “De
que adianta alguém dizer que tem fé, se não tem obras?... Assim também a fé,
por si só, se não for acompanhada de obras, está morta. ... Mostre-me
a sua fé sem obras,
e eu lhe mostrarei a minha fé pelas obras”
(Tg 2,14.47).
Um projeto para
todos
A transfiguração de Jesus não é
somente uma realidade pessoal dele, mas projeto para todos. Assim como Jesus se
Transfigurou, todos seremos transfigurados: “Por que estamos nós também a toda a hora em perigo? ... porque a
trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados”
(1Cor 15,30).
O que aconteceu com Jesus acontecerá conosco. A transformação começa já colocando
o Evangelho na prática transformando as realidades do mundo, dos necessitados.
Sem isso não há ressurreição.
Leituras:
Daniel 7,9-10.13-14;Salmo 96; 2 Pedro, 1,16-19; Mateus 17,1-9
1.
Jesus
se transfigura e se apresenta como a nova lei e a nova profecia. E prefigura
sua Ressurreição
2.
O
amor do Pai é a condição da vida e da missão de Jesus. Redenção é amor.
3.
A
nós cabe transfigurar o mundo pelo amor que recebemos.
Um pai que sabe amar
A narrativa da Transfiguração de
Jesus é como um compacto de um filme. Os discípulos que vão passar pelo
sofrimento da Paixão de Jesus, podem contemplar antes do ocorrido a glória que
vai ser concedida a Jesus na sua Ressurreição. Jesus
Esse
momento nos traz a passagem que Jesus veio fazer do Antigo ao Novo Testamento.
É a superação da simples observância da lei e da profecia, para a vida de
relacionamento com o Pai.
Jesus
é o Filho de Deus apresentado na sua glória. Não são historinhas bonitas. Ele é
o Senhor glorioso que é o dominador de todas as coisas, Senhor do Universo.
Mais
que todas as glórias, o momento maior é a palavra do Pai sobre seu Filho: “Este
é meu Filho amado, no qual eu pus todo o meu agrado, Escutai-O” (Mt
17,5).
Essas palavras se tornam como que o caminho da compreensão da vida e missão de
Jesus. É somente no amor do Pai que compreendemos a Paixão do Filho. Ouvindo o
Filho entramos na nuvem da presença de Deus. O Pai sabe amar o Filho e lhe dá a
participação de sua glória que passa pela sua Paixão.
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