PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
634. Nos
braços de Deus
Por mais careta que possamos julgar a palavra virtude, não deixamos de
apreciar a pessoa que tenha a virtude da serenidade. É tão bom ser sereno! A
serenidade dá à pessoa condições de viver bem em qualquer circunstância. Com
ela é possível dialogar sem receios de propor as próprias idéias. Normalmente
mostramos agressividade para defender nosso território como o fazem os animais.
A virtude da serenidade dá forças para acolher o diferente, dar espaço ao outro
e a suas opiniões. Mesmo discordando. Não perde o equilíbrio nos
relacionamentos com as pessoas e nos desencontros da vida. Esta virtude dá-nos
controle sobre nós mesmos, não como uma tampa na pressão, mas como uma válvula
que desafoga os humores que nos prejudicam no relacionamento e nas tomadas de
decisão. Serenidade é a capacidade de viver bem em qualquer circunstância.
Podemos buscar entender a serenidade em Deus. Como pessoa serena, Deus não impõe
sua presença. Está ali. Podemos igualmente sentir que o Deus sereno dá espaço
pára a gente viver. Conhecemos o encontro do profeta Elias com Deus no monte
Horeb. Deus não apareceu nem no terremoto nem na tempestade nem no fogo, mas na
brisa serena (1Rs 19,12). Jesus estava
sempre em diálogo com as pessoas, dando espaço para colocarem suas questões,
ouvindo-as. É uma virtude que exige um domínio muito grande sobre si mesmo Esta
virtude dá-nos a força de enfrentar as questões e situações complicadas e
difíceis, sem perder o equilíbrio. Às vezes nós nos afogamos num copo d’água e
até mesmo numa gota. O sentimento que mais nos deve ocorrer é que estamos nos
braços do Pai, como reza o salmo: “Eu me acalmo e tranqüilizo, como uma criança
amamentada no colo da mãe” (Sl 131,2). A graça
do Espírito Santo forma em nós este coração.
635. Serenidade
se edifica
Ouvimos as pessoas dizerem: ‘Eu sou assim! “Que me agüentem!”. Na
verdade se estão a dizer que não têm interesse em edificar suas vidas de acordo
com o ideal do ser humano nem conformá-las à vida do Senhor de nossas vidas.
Tornar-se sereno é buscar, como Jesus fazia, a vontade do Pai. É preciso
conhecer-se, saber as tendências e educá-las. Isso nos fará saber reagir com
equilíbrio. Quanto menos serenos, menos donos somos de nós mesmos. Diz-se de S.
Francisco de Sales que era sereno e doce com as pessoas. Sua natureza, contudo,
era de um homem furioso. Educou-se. Isso é maturidade. Dizemos que conversando
se entende. Forçar as pessoas suportarem nosso mau humor, por tudo e por nada,
é demonstrar nossa imaturidade. Ser sereno é ser feliz e fazer os outros
felizes.
636. Serenidade
na tempestade
Conta-se que Felipe II, grande rei da Espanha,
escrevia uma carta importante de madrugada e, no momento de secar a tinta com a
areia fina, o ajudante passou-lhe o tinteiro que borrou tudo. O rei disse com
serenidade: “Vamos fazer outra!”. Adiantaria perder a cabeça, como fazemos,
quando não dá certo? A capacidade de transmitir serenidade onde vivemos é o que
nos faz amados e oportunos. A base da serenidade é viver o conjunto da vida e
ser realista. É preciso ter serenidade também diante de nossas fragilidades
espirituais. Não adianta se apavorar, pois só prejudica. Cada virtude humana
que analisamos é um nome novo do amor. Somos mais humanos e mais unidos a Deus
que é a Virtude.
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