PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
1735. Vivendo um
pouco mais
Em 1989, eu, Pe. Luiz Carlos, fui
premiado com um convite para ir trabalhar na Angola como missionário para a
formação dos seminaristas. A independência da Angola em 11.11.75 trouxe uma
guerra civil que durou muitos anos, continuando os muitos anos de luta pela
independência. O país vivia uma situação dolorosa. Houve muita destruição e
morte. Houve um tempo de paz e depois recrudesceu a guerra. Com paz definitiva
vieram os problemas da restauração. O país teve um crescimento rápido, mas se
tornou um mar de corrupção. O partido do MPLA (Movimento
pela Libertação de Angola) domina e o presidente está no poder desde 1979. A
corrupção minou o crescimento do país. O povo está em uma situação difícil. A
Igreja se desenvolve e toma força. A população é religiosa. Fiquei trê anos no
Kwito (Estado do Bié). Como era tempo de guerra, não era possível sair da
cidade. Apesar das dificuldades, foi um tempo muito bom e de profundo aprendizado.
O africano é muito rico em qualidades e valores humanos e de muita resistência.
Senti-me engrandecido. Há algo maravilhoso que toma a gente. Diz-se que há um
mistério na África. É difícil dizer o que se aprendeu, mas sinto que essa
riqueza é mais que um conhecimento. É um modo rico de se viver. Não somente as
pessoas, mas o modo de viverem, a simplicidade, a resistência, a alegria e a
força interior nos tomam. Mesmo a natureza contribui. A Igreja em seus padres,
irmãs e leigos cristãos demonstram muita força. Há encantos que somente vendo e
acolhendo que podem ser apreendidos.
1736. Uma missão
que vale.
Agora, em 2016, fui convidado
para dar formação sobre espiritualidade redentorista aos padres, seminaristas e
leigos. Por que estou tratando esse assunto? Muitos acompanharam essa minha
primeira ida. A segunda não foi muito notificada. É um dever comunicar essas
riquezas. Como é possível viajar pelo país, pude ver em poucos dias o que não
vi em três anos. As paisagens, as aldeias, as matas, a beleza tocam
profundamente. Sou muito agradecido por ter podido conhecer as comunidades
redentoristas e ver seu esforço por construir algo novo e reconstruir o que foi
destruído. Os confrades padres, irmão, seminaristas vivem tempos bonitos nas
comunidades com o povo. Buscam a identidade redentorista para a evangelização
do querido país africano. Estão animados com as Santas Missões. Há ainda muita
carência. Mas vivem bem com o pouco que têm. A política está difícil.
1737.Ser irmão
sempre
É preciso cultivar mais
fraternidade para com os outros povos. Nós vivemos fechados em nosso mundinho.
Lá não é Europa ou USA para grandes passeios, mas o que se vê e se sente ali, é
vida. É preciso conhecer mais e se comprometer mais ainda, sobretudo na ousadia
missionária. Quantos missionários ali entregaram sua vida! Há falta de muitas
coisas. Temos que nos organizar para dar àqueles jovens sempre mais condições
de poderem desenvolver suas grandes capacidades. São muito inteligentes. O país
procura dar educação. Mesmo sem condições, crescem. A Igreja mantém
instituições de ensino. O país sofre pelos mesmos problemas que sofremos, como
a política e a corrupção. Nem tudo é tão bom. O país está parado. Abrir-se ao
mundo africano e aos valores de seus filhos é enriquecer-se e muito.
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