E MEU SANGUE VERDADEIRA BEBIDA
A
Eucaristia foi sempre o centro da comunidade cristã. Foi igualmente motivo de
muito conforto para o povo de Deus que sempre a cercou com tanto carinho e
devoção. A partir do século VIII, e sobretudo no século XIII, multiplicam-se os
“milagres” da Eucaristia. Aparecem igualmente as heresias que negam a presença
de Jesus na Hóstia consagrada. O Papa Urbano IV em 1264 instituiu a festa do
Corpo de Cristo. Como o povo se afastara da comunhão na missa e se fixou mais
na adoração da Hóstia Santa, o culto eucarístico teve um grande
desenvolvimento, o que não acontecera nos mil anos anteriores. Houve muita
beleza, esplendor, louvor e fé na Eucaristia. Houve também um desequilíbrio
entre a celebração da missa e a adoração. Com o Concílio Vaticano II,
recuperou-se a dimensão da celebração. No momento atual, sentimos um
crescimento na atenção à celebração eucarística, como também se recupera o
sentido da adoração. Mas, exagera-se um pouco na mistura de celebração
eucarística e adoração pessoal ou comunitária. Não são realidades que se opõem,
mas possuem uma estrutura diferente. É uma alerta para não misturarmos e para
darmos a cada momento, seu valor próprio.
“Quem
come a minha carne e bebe meu sangue, permanece em mim e eu nele”(Jo.6,57).
Estas palavras de Jesus dão uma dimensão da Eucaristia que explica porque Jesus
diz que sua carne é verdadeira comida e seu sangue é verdadeira bebida. A
finalidade do alimento é dar vida. Ele dá vida e transforma-nos em sua vida.
Surge uma união profunda do ser de Cristo com nosso ser. No Antigo Testamento
vimos como Deus, no caminho da libertação, alimenta o povo no deserto com o pão
vindo do céu, o maná. Deus sacia o seu povo com o melhor alimento. Jesus, dá o
verdadeiro pão do Céu e a verdadeira bebida, seu Corpo e Sangue. Ele diz: “quem
come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna”. Jesus é o “Pão vivo
que desceu do Céu”. “O pão que eu darei é minha carne para a vida do mundo”.
Onde encontramos este pão e este vinho? Na Eucaristia, pelos sinais
sacramentais na celebração, o Espírito faz, do pão, Corpo do Senhor e do vinho,
Sangue do Senhor. Assim nos alimentamos e temos em nós a presença corporal de
Jesus.
Há ainda um problema que me parece sério
dentro de todas as riquezas da Eucaristia: a presença de Jesus em nós a partir
da comunhão. Há interesse de ir à missa e comungar. Depois, tendo a Eucaristia
em nós queremos tocar o ostensório, como se fosse um Jesus mais forte. Mas Ele
está em mim realizando a permanente transformação Nele. É preciso valorizar
esta presença através do diálogo pessoal, fora da celebração, lá em casa, no
trabalho. É preciso vê-lo presente e atuante no outro. É preciso, ir à missa,
ir adorar Jesus, mas é necessário estar unido a Ele nesta permanente presença
em nós, com a qual Ele nos transforma.
(Leituras:
Deuteronômio 8,2-3.14b-16;1 Coríntios 10,16-17; João 6, 51-58)
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