PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Nossos pés na bacia santa
Jesus
sempre nos surpreende com suas atitudes. Parece que é do contra. Na hora de
chegar ao ponto máximo de sua vida, no qual instituiria o sacramento de sua
Morte e Ressurreição, fez o gesto de lavar o pé dos discípulos. Pegou uma bacia
e começou a lavar os pés dos apóstolos. Serviço de escravo. Com este gesto
estava resumindo e dando um símbolo a toda sua vida e o significado de sua morte
e Ressurreição. Tudo nele foi serviço humilde de escravo, como diz a carta aos
Filipenses (Fl 2,5-11). Lembramos o Servo
Sofredor, em Isaias, é uma profecia sobre Jesus. Como Paulo nos escreve, “Ele
tinha a condição divina... mas esvaziou-se a si mesmo”. Não perdeu a divindade,
mas a glória que tinha por direito. Como seria Deus, se aparecesse para nós?
Ele mostrou: Na humilde figura do homem desde sua infância. “E assumiu a
condição de servo”. Não se mostrou como o Senhor. “Tendo-se comportado como
homem, humilhou-se e foi obediente até à morte e morte de cruz”. Suas atitudes
devem ser vistas a partir desta escolha que Deus fez. A cena do lava-pés
perpassa todo seu mistério de Encarnação, Vida, Morte e Ressurreição. Tudo é
serviço humilde. A Eucaristia não é um rito, é uma vida que se manifesta. Para
não nos comprometer, fazemos um rito com perfeição. Temos bacias douradas que
ficam no armário e não são levadas para o dia a dia como fez Jesus. Com esse
gesto, Jesus mostra como devem ser os que o seguem. Se todo mundo servisse,
todos seriam bem servidos. Eucaristia é serviço e ensina a servir e dar a vida.
A devoção é mais fácil que a ação.
Aprendendo pelo dor do amor
Estamos acostumados a ouvir a
frase: “Se não aprende pelo amor, aprende pela dor”. Na Sexta-Feira Santa nós O
contemplamos na extrema dor. Canta a Verônica: “Olhai e vede se existe dor
maior que minha dor”. É a dor de quem ama e doa a vida. Jesus não reclama da
dor. Ele até perdoa quem o mata. Por que Jesus tem que morrer na Cruz? Foi a
conseqüência de assumir sua missão dentro
de seu povo que não compreendeu a missão que lhes foi confiada. O Cordeiro
Imolado assume seu sacrifício toda a humanidade em sua entrega a Deus. “Quase todas as coisas, segundo a lei, se
purificam com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão” (Hb 9,22). Como o sangue é tido como a Vida,
Jesus dá o sangue para que a Vida seja dada a todos. Todos passaram por seu
sangue e são assim purificados. Olhar o Crucificado é ouvir: Assim é que se
ama. Não tenha medo de pegar a cruz de Cristo. Ele é mais leve que a cruz que
as pessoas nos colocam nas costas.
Banho de luz
Jesus
está no sepulcro. Silêncio! O rei está dormindo! Ele desperta vivo. O brilho da
lua prateou suas vestes de ressuscitado. Ele vive glorioso. Assim apareceu aos
seus. Eles contaram e nós acreditamos. Deve ter sido magnífico vê-lo vivo,
glorificado. Jesus não voltou à vida. Ele passou à Vida. Nossa carne está
ressuscitada nele. Como viveu nossa humanidade, passou com ela da morte para a
Vida. Assim passamos com Ele para a vida Nova. O povo cristão é sensível aos
sofrimentos de Cristo em sua Paixão e Morte. Mas não assumiu sua Ressurreição
como fundamental da vida cristã. Se Jesus tivesse só morrido, não estaríamos
salvos. Ele ressuscitou. Aí sim, temos a vida. Celebramos uma cerimônia na qual
renovamos nosso batismo, isto é, nossa vida em Cristo. Isto ilumina nossa vida
e nos faz ver abertas para nós as portas dos Céus. Celebrar o Mistério Pascal
de Cristo é fazer-nos participantes de sua vida, morte e ressurreição. O melhor
modo de celebrar e participar e penetrar o sentido das palavras que nos educam,
fortalecem e fazem crescer em Cristo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário