Evangelho segundo S. Lucas 9,11b-17.
Mas as
multidões, que tal souberam, seguiram-no. Jesus acolheu-as e pôs-se a falar-lhes
do Reino de Deus, curando os que necessitavam. Ora, o dia começava a
declinar. Os Doze aproximaram-se e disseram-lhe: «Despede a multidão, para que,
indo pelas aldeias e campos em redor, encontre alimento e onde pernoitar, pois
aqui estamos num lugar deserto.» Disse-lhes Ele: «Dai-lhes vós mesmos de
comer.» Retorquiram: «Só temos cinco pães e dois peixes; a não ser que vamos nós
mesmos comprar comida para todo este povo!» Eram cerca de cinco mil homens.
Jesus disse aos discípulos: «Mandai-os sentar por grupos de cinquenta.» Assim procederam e mandaram-nos sentar a todos. Tomando, então, os cinco
pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao céu, abençoou-os, partiu-os e deu-os
aos discípulos, para que os distribuíssem à multidão. Todos comeram e
ficaram saciados; e, do que lhes tinha sobrado, ainda recolheram doze cestos
cheios.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos
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Comentário do dia:
São Tomás de Aquino (1225-1274), teólogo dominicano, doutor da Igreja
Obras, Sobre a Festa do Corpo do Senhor, opusc. 57
O mistério da Eucaristia
O Filho único de Deus, querendo fazer-nos
participar da sua divindade, tomou a nossa natureza para divinizar os homens,
Ele que Se fez homem. Além disso, o que tomou de nós, também no-lo deu
inteiramente, para nossa salvação. Com efeito, sobre o altar da cruz, ofereceu o
seu corpo em sacrifício a Deus Pai para nos reconciliar com Ele; e derramou o
seu sangue para ser ao mesmo tempo nosso resgate e nosso baptismo: resgatados de
uma lamentável escravatura, fomos purificados de todos os nossos pecados. E,
para que guardássemos para sempre a memória de tão grande benefício, deixou aos
fiéis o seu corpo e o seu sangue, sob as formas do pão e do vinho. [...]
Haverá coisa mais preciosa que este banquete, onde já não nos é
proposto, como na antiga Lei, que comamos a carne de bois e carneiros, mas o
Cristo que é verdadeiramente Deus? Haverá coisa mais admirável que este
sacramento? [...] Nenhum sacramento produz efeitos mais salutares do que este:
ele apaga os pecados, aumenta as virtudes e enche a alma superabundantemente de
todos os dons espirituais. Ele é oferecido na Igreja pelos vivos e pelos mortos,
a fim de aproveitar a todos, pois foi instituído para a salvação de todos.
É impossível exprimir as delícias deste sacramento [...]; nele se
celebra a memória do amor inultrapassável que Cristo mostrou na sua Paixão. Ele
queria que a imensidade deste amor se gravasse profundamente no coração dos
fiéis e por isso [...] instituiu este sacramento como memorial perpétuo da sua
Paixão, cumprimento das antigas profecias, o maior de todos os seus milagres.
Àqueles a quem a sua ausência encheria de tristeza, deixou este conforto
incomparável.
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