sábado, 28 de maio de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Bendito o Reino que vem”!

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Da gloria à cruz
No Domingo de Ramos fazemos o caminho que Jesus fez com seus discípulos. A comunidade de Jerusalém celebrava uma liturgia geográfica, isto é, no local onde aconteceram os fatos. Esta prática chegou até nós. Com a procissão de Ramos fazemos memória do acontecimento. Jesus vem a Jerusalém, montado num jumentinho, como rei pacífico, segundo a profecia de Zacarias (Zc 9,9). O povo aclama Jesus como o “Bendito o que vem em nome do Senhor! Bendito o Reino que vem, o Reino de nosso Pai Davi!” (Mc 11,9-10). Deus cumpre a promessa e toma posse de seu Reino através de seu Messias. Como entender o acontecimento glorioso da entrada na cidade santa e a morte de Cruz? O Rei que é aclamado é o mesmo que é glorificado na cruz. As profecias sobre o Servo Sofredor indicam o caminho que Cristo segue para a redenção ao mundo: “O Senhor abriu-me os ouvidos; Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba; não desviei meu rosto dos bofetões e cusparadas” (Is.50,5-6). Paulo explica que a glorificação de Cristo passou pela humilhação: “Humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até à morte e morte de cruz” (Fl 2,8-9). Existe um fim maior: “Eu te farei luz das nações, para seres a minha salvação até a extremidade da terra” (Is.49,6). Paulo completa: “Por isso Deus o exaltou e lhe deu o Nome que está acima de todo nome” (Fl 2,9). Na celebração do Mistério Pascal de Cristo, o Domingo de Ramos é uma síntese do que celebraremos. É também uma indicação de nossa vivência cristã: “Ó Deus, como pela morte do vosso Filho nos destes esperar o que cremos, dai-nos por sua ressurreição, alcançar o que buscamos” (Pós-Comunhão).
Humilhou-se a si mesmo
            Paulo entendeu o mistério de Cristo. Certamente podemos dizer que a fé cristã carece de um conhecimento mais profundo de Jesus em seu conteúdo de entrega ao Pai pelo mundo. Paulo nos aprofunda a compreensão do mistério de Cristo. No esvaziamento de si, a ponto de perder toda a aparência de divindade, assume nossa condição humana. E nela, escolhe a condição de escravo obediente até à morte de cruz. Assumiu a condição social, de todas, a inferior. O abandono é total, pois clama na cruz que foi abandonado até pelo próprio Deus. Em seu máximo abaixamento está a manifestação de sua divindade: Por isso Deus o elevou e lhe dá a condição de divindade. Deus o confirma para nós como sendo Deus com Ele. “Jesus Cristo é o Senhor” (Fl 2,11). Por que fez assim? Para manifestar o amor e atrair ao mesmo amor, como escreve S. Afonso.
Aprender o ensinamento de sua Paixão

Celebrar a Paixão do Senhor é assumir a atitude de quem está com Ele em sua Paixão. Ele promete aos seus: “Vós que permanecestes comigo em minhas tentações; também eu disponho para vós o Reino, como o meu Pai o dispôs para mim” (Lc 22,28-29). Lendo sua Paixão nós nos dispomos a retomá-la em nossa vida. Se quisermos glória, temos que aprender dele: “Meu Reino não é deste mundo”; Se quisermos seu Reino, nós o contemplaremos com uma coroa de espinhos e um manto de deboche; Os chefes importantes aparecem com seus ministros; Ele é colocado entre dois ladrões. “Foi contado entre os malfeitores” (Lc 22,37; Is 53,12). Se formos despojados como Ele, poderemos fazer nossa profissão de fé, como o centurião pagão: “Este homem, era o Filho de Deus”. 

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