PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Da gloria à cruz
No Domingo de
Ramos fazemos o caminho que Jesus fez com seus discípulos. A comunidade de
Jerusalém celebrava uma liturgia geográfica, isto é, no local onde aconteceram
os fatos. Esta prática chegou até nós. Com a procissão de Ramos fazemos memória
do acontecimento. Jesus vem a Jerusalém, montado num jumentinho, como rei
pacífico, segundo a profecia de Zacarias (Zc 9,9).
O povo aclama Jesus como o “Bendito o que vem em nome do Senhor! Bendito o
Reino que vem, o Reino de nosso Pai Davi!” (Mc
11,9-10). Deus cumpre a promessa e toma posse de seu Reino através de
seu Messias. Como entender o acontecimento glorioso da entrada na cidade santa
e a morte de Cruz? O Rei que é aclamado é o mesmo que é glorificado na cruz. As
profecias sobre o Servo Sofredor indicam o caminho que Cristo segue para a
redenção ao mundo: “O Senhor abriu-me os ouvidos; Ofereci as costas para me
baterem e as faces para me arrancarem a barba; não desviei meu rosto dos
bofetões e cusparadas” (Is.50,5-6). Paulo explica
que a glorificação de Cristo passou pela humilhação: “Humilhou-se a si mesmo,
fazendo-se obediente até à morte e morte de cruz” (Fl
2,8-9). Existe um fim maior: “Eu te farei luz das nações, para seres a
minha salvação até a extremidade da terra”
(Is.49,6). Paulo completa: “Por
isso Deus o exaltou e lhe deu o Nome que está acima de todo nome” (Fl 2,9). Na celebração do Mistério Pascal de
Cristo, o Domingo de Ramos é uma síntese do que celebraremos. É também uma
indicação de nossa vivência cristã: “Ó Deus, como pela morte do vosso Filho nos
destes esperar o que cremos, dai-nos por sua ressurreição, alcançar o que
buscamos” (Pós-Comunhão).
Humilhou-se a si mesmo
Paulo
entendeu o mistério de Cristo. Certamente podemos dizer que a fé cristã carece
de um conhecimento mais profundo de Jesus em seu conteúdo de entrega ao Pai
pelo mundo. Paulo nos aprofunda a compreensão do mistério de Cristo. No esvaziamento
de si, a ponto de perder toda a aparência de divindade, assume nossa condição
humana. E nela, escolhe a condição de escravo obediente até à morte de cruz.
Assumiu a condição social, de todas, a inferior. O abandono é total, pois clama
na cruz que foi abandonado até pelo próprio Deus. Em seu máximo abaixamento
está a manifestação de sua divindade: Por isso Deus o elevou e lhe dá a
condição de divindade. Deus o confirma para nós como sendo Deus com Ele. “Jesus
Cristo é o Senhor” (Fl 2,11). Por que fez
assim? Para manifestar o amor e atrair ao mesmo amor, como escreve S. Afonso.
Aprender o ensinamento de sua
Paixão
Celebrar a
Paixão do Senhor é assumir a atitude de quem está com Ele em sua Paixão. Ele
promete aos seus: “Vós que permanecestes comigo em minhas tentações; também eu
disponho para vós o Reino, como o meu Pai o dispôs para mim” (Lc 22,28-29). Lendo sua Paixão nós nos dispomos
a retomá-la em nossa vida. Se quisermos glória, temos que aprender dele: “Meu
Reino não é deste mundo”; Se quisermos seu Reino, nós o contemplaremos com uma
coroa de espinhos e um manto de deboche; Os chefes importantes aparecem com
seus ministros; Ele é colocado entre dois ladrões. “Foi contado entre os
malfeitores” (Lc 22,37; Is 53,12). Se
formos despojados como Ele, poderemos fazer nossa profissão de fé, como o
centurião pagão: “Este homem, era o Filho de Deus”.
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