Percorremos o
caminho do Sacramento da Quaresma com a temática da aliança. Passamos pela
aliança com Noé para a vida da terra; encontramos Abraão a quem Deus promete
uma descendência que seria uma benção para todos os povos e a posse de uma
terra; Com Moisés Deus faz uma aliança na qual assume o povo como seu povo,
dá-lhe uma lei e uma terra. Em Jeremias chegamos ao ponto máximo da aliança no
Antigo Testamento. Ela será feita no coração: “Imprimirei minha lei em suas
entranhas, e hei de escrevê-la em seu coração. Serei seu Deus e eles serão meu
povo”... “Todos me conhecerão” (Jr 31,33-34).
A aliança profetizada por Jeremias supera as anteriores, pois se faz no
coração. Jesus faz a aliança no seu corpo como vítima, porque a tinha no
coração: “Quando eu for elevado da terra, atrairei todos a mim” (Jo 12,32). No alto da Cruz Ele atrai todos a
si. Cristo faz a aliança num processo de permanente perda de vida para ter a
totalidade da vida. Ele mesmo diz: “Se o grão de trigo que cai na terra, não
morre, ele continua só um grão de trigo, mas se morre, então produz muito
fruto” (Jo 12,24). Essa é sua
glorificação: ser elevado da terra, no sentido de ser crucificado (Jo 12,32-33). Seu sangue aspergido é o sangue
da aliança. O símbolo do sangue é a união de vida de duas pessoas. Assim eles
possuem a mesma vida e a mesma alma. Por
isso sua aliança dá vida. Seu custo é muito alto: a vida. Por que precisava
Jesus dar a vida? Assumindo nossa vida fragilizada pelo pecado, ele a entrega
ao Pai na obediência. Está escrito na carta aos Hebreus: “Mesmo sendo Filho,
aprendeu o que significa a obediência a Deus por tudo o que sofreu. Mas, na
consumação de sua vida, tornou-se causa de salvação eterna para todos os que
lhe obedecem” (Hb 5,8-9). O amor é o que
fez Cristo levar adiante sua missão de redenção.
Onde eu estiver, estará meu servo
Rezamos na
Eucaristia: “Dai-nos, ó Deus, a graça de caminhar com alegria na mesma caridade
que levou o vosso Filho a entregar-se à morte no seu amor pelo mundo” (Coleta). Estamos animados a seguir Jesus, como
convida: “Se alguém me serve, meu Pai o honrará” (Jo
12,26). Honrará, quer dizer, glorificará como glorificou Jesus. Para
isso, exige do discípulo que ele se perca para que tenha tudo: “Quem se apega a
sua vida, perde-a; mas quem faz pouca conta de sua vida neste mundo,
conservá-la-á para a vida eterna” (Jo 2,26).
Perder a vida, não é aniquilar, mas por-se a serviço de algo maior que é o
seguimento de Jesus, como Ele o foi em sua vida. Perdemos se nos fixamos em
poucas coisas da vida que passam, em lugar de nos fixarmos naquelas que duram
para sempre. Foi o que fez Jesus.
Criai em mim um coração puro
Refletindo sobre a aliança neste tempo da Quaresma, somos convocados a olhar para dentro de nós mesmos e ver se nossa aliança está sendo feita no coração. Religião tem que ser do coração. Exteriorismo destrói a aliança, como aconteceu ao povo que a fez com Deus. O coração puro não é somente não ter pecado, mas ter a capacidade de viver o relacionamento com Deus e com os outros, como doação. Pureza é estar com os olhos fixos em Jesus para que sua imagem se fixe em nós e sua mentalidade seja a nossa. Jeremias é um exemplo: amou a Deus e a seu povo. Acolheu a Palavra de Deus e a anunciou com intensidade, mesmo no meio das rejeições que sofreu.
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