Todos nós queremos achar a chave da
felicidade. O Sermão da Montanha é a demonstração de que Jesus pensou nisso e
ofereceu essa chave. Ela é a síntese de todo seu ensinamento e a expressão de
sua vida. Essas bem-aventuranças são a realização máxima da pessoa humana e cumprimento
de sua vocação. A proclamação da nova
lei, resumida nos capítulos 5-7 de Mateus, é uma retomada do Sinai. Moisés
subiu o monte e recebeu a Lei de Deus entre trovões e relâmpagos. Jesus, o novo
Moisés, dá a lei ao povo na serenidade e na paz. Sua palavra é de felicidade.
Nessa nova lei, Jesus descreve o que Ele é e o que devem ser todos os cristãos.
Quando ensina: “Sede perfeitos, como o Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48), está
a recomendar o programa que apresentou. Quando Jesus proclama ‘felizes os
pobres em Espírito porque deles é o Reino dos Céus’, está na linha de toda a
Escritura, como lemos no profeta Sofonias: “Buscai o Senhor, humildes da terra,
que pondes em prática seus preceitos” (Sf 2,3). Pobres são os que decidem ser
pobres em tudo, colocando a confiança só em Deus. Os bens são impedimento de aderir a Deus.
Se esse obstáculo for removido, o Reino de Deus é deles. A condição do cristão
é de fragilidade. Deus escolheu o que não tem importância para confundir o que
é forte (1Cor 1,27-29). Os pobres, nas dificuldades, são capazes de confiar em Deus. São pobres os que
se desapegam para por em Deus sua opção de colocar-se a favor dos pobres.
Felizes
os pacíficos
Os mansos, os misericordiosos, os
puros de coração, participam da bondade de Deus. Pacífico é Cristo, Filho de
Deus. Os filhos de Deus constroem um mundo de paz. Paz é reconhecer Deus como
vida e construir a vida na bondade e no acolhimento, deixando de lado toda a
discriminação. Soma-se à paz, a misericórdia. Ser misericordioso é ser como
Deus que é terno e misericordioso. Jesus é a revelação da misericórdia de Deus.
Ele manifesta a compaixão pelos que sofrem. Acolhia os pecadores e comia com
eles (Lc 15,2). A misericórdia de Jesus não é dó sentimental pelos que sofrem.
Ele se abaixou para estar próximo. Conheceu a fragilidade humana. Com Ele
ninguém pode negar que Deus se entrega ao extremo do amor, fazendo-se homem,
morrendo na cruz e fazendo-se alimento na Eucaristia. O misericordioso vive na
perfeição de Deus. Nessa perfeição, é puro de coração e vê a Deus e suas
realidades. Quem é de Deus, ouve as palavras de Deus (Jo 8,47). Impureza é não
querer conhecer Deus e não Lhe atribuir glória e louvor. Deus não abandona, se
não for primeiro abandonado. Assim somos abandonados às nossas próprias
paixões. Ver é ser igual. Escreve João: “Mas sabemos que, quando Ele se
manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é, o veremos” (1João
3,1-2).
Felizes
os perseguidos
A
bem-aventurança da perseguição, por causa da justiça, assusta nossa
fragilidade, pois recusamos os sofrimentos. Deus não quer que soframos, mas,
como nos identificamos com Jesus, passamos pelo que Ele passou. Tomando sua
cruz, quer dizer, seu caminho, sua disposição de entrega de vida na pobreza, na
paz, na mansidão, na aflição pelo bem, na misericórdia nós nos identificamos
com Ele, o servo sofredor. A perseverança é sinal de fidelidade. Os que foram
fiéis, lavaram suas vestes no sangue do Cordeiro. Os que choram pelos males do mundo recebem de Deus
o consolo. Depois que assumirmos esse caminho das bem-aventuranças, poderemos
de fato nos considerar cristãos.
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