quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

ELES NÃO GOSTAVAM DA ROTINA

PADRE CLÓVIS DE JESUS BOVO CSsR
Vice-Postulador da Causa
Venerável Padre Pelágio CSsR
Certo dia alguns noviços se reuniram para apresentar uma queixa ao Mestre: 
- Padre Mestre, gostamos muito das suas aulas e de tudo. Exceto da rotina: todo o dia sempre a mesma coisa. Levantar-se à mesma hora, lavar-se no mesmo riacho, rezar a mesma coisa, sentar-se à sombra das mesmas árvores, comer a mesma comida, ver as mesmas “caras” etc. Não queremos ir embora, apenas tentar certa variedade no horário do dia. 
O padre mestre compreendeu o problema daqueles jovens, refletiu um pouco e tentou explicar: 
- Reparem bem. As mesmas ações que praticamos todos os dias têm dentro de si muitas variedades. Por exemplo: Cada despertar é diferente: O nascer do sol nunca é igual ao anterior. Ao se lavar, a água do riacho não é a mesma de ontem. As árvores sob as quais nos assentamos são as mesmas, entretanto o vento mudou o farfalhar das folhas. A oração pode ser a de ontem, mas é de uma riqueza insondável. Os passarinhos podem ser os mesmos, mas seus vôos e cantos variam a cada instante. A comida pode ser a mesma; entretanto o sabor e o tempero são outros. A gente não encontra dois grãos de arroz perfeitamente iguais. Nosso semblante muda de minuto a minuto. É só observar bem. 
Os discípulos escutavam e observavam o mestre falando. Enquanto falava, nem deu para contar as mudanças do seu semblante e de todo o seu porte. 
- E tem mais, continuou o Mestre. Tentemos mudar todos os dias nosso ritmo para variar. Fazendo assim, cairíamos numa rotina muito mais cansativa. 
Lição: A variedade é necessária, mas deve ser buscada por dentro, na novidade de cada momento. Tudo cansa quando queremos variar. Tudo agrada quando sabemos.

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