PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
É uma batalha nossa vida na terra
Os
evangelistas, ao escreverem os evangelhos, quiseram transmitir-nos o que é
importante saber sobre Jesus, Sua missão e Seu ensinamento. Cada um deles
escreveu com um esquema diferente, de acordo com a comunidade a que se
dirigiam. Marcos ensina narrando, sobretudo os milagres. Através deles faz-nos
conhecer a doutrina. A leitura de hoje mostra Jesus fazendo muitas curas:
Saindo da sinagoga vai à casa de Pedro e cura sua sogra. Ao cair da tarde cura
outros doentes. Ele veio para curar os males e doenças. Ele é o médico. Junto a
esse evangelho temos a leitura do livro de Jó. Nela contemplamos a trágica
condição da existência humana. “Não é acaso uma luta a vida do homem sobre a
terra? Ao amanhecer espero novamente a tarde e me encho de sofrimento até o
anoitecer. Meus dias correm mais rápidos do que a canoinha do tear e se
consomem sem esperança” (Jó 7,4-6). Retrata bem nossas angústias, trabalhos e
sofrimentos deixando entrever uma desilusão presente em nossas vidas.
Onde está o remédio
Para
dar uma salvação a nossos males, principalmente ao mal da desesperança, Marcos
apresenta Jesus como o médico que Se encarrega deles e os destrói. Jesus não
veio como um curandeiro. Veio como a misericórdia de Deus: “Ele conforta os
corações despedaçados, e enfaixa suas feridas e as curas” (Sl 146). Jesus
conhece essas dores e se fazia o alívio e a esperança a todos. Não vemos no
evangelho alguém que diga: “A mim Ele não curou”. Logo que lhe falaram da sogra
de Pedro ele se aproximou dela, tomou-a pela mão e ajudou a levantar-se. Então
a febre a deixou. Ao entardecer levaram a Jesus todos os doentes e possuídos
pelo demônio. A cidade inteira se reuniu em frente da casa. Jesus curou muitas
pessoas de diversas doenças e expulsou o demônio (Mc 1,30-32). Imaginemos o
espetáculo. Mas não fazia espetáculo (como vemos em alguns programas e cultos).
Não deixava que os demônios falassem, pois sabiam quem Ele era (34). Ele cura
em Seu imenso amor. Marcos insiste que Jesus impõe silêncio. Por que? Para não
apresentar-se como um curandeiro. Suas curas são em vista da fé e do encontro
com Deus. Sua força de cura vem de Sua intimidade com o Pai. Marcos relata que
de madrugada foi rezar em um lugar deserto (35). Sem a intimidade com Deus
nossa vida é só espetáculo.
Curada para servir
A sogra de Pedro, ao ser
curada, se põe a servir Jesus e seus discípulos (31). O encontro com Jesus que
cura, tem como conseqüência a cura do egoísmo para a vida colocada a serviço.
Gostamos tanto de dizer que recebemos graças, mas essas graças param no corpo e
não mudam o coração. É para servir que somos curados. O coração curado, sadio,
põe-se a serviço. É o culto do serviço ao próximo. A cura da sogra é para ser
re-introduzida na sacralidade do serviço. O maior sinal de que somos curados
por Jesus é termos a capacidade de servir. Esse serviço se dirige também a Deus
no culto da celebração. O verdadeiro culto só existe quando é recheado do
serviço aos irmãos. Sem isso ele é vazio de sentido. A religião cristã não tem
como finalidade primeira aumentar o número, mas a capacidade de por-se a
serviço do maior número possível de pessoas.
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