Evangelho segundo S. Mateus 21,33-43.45-46.
Naquele
tempo, disse Jesus aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo: «Ouvi
outra parábola: Havia um proprietário que plantou uma vinha, cercou-a com uma
sebe, cavou nela um lagar e levantou uma torre; depois arrendou-a a uns
vinhateiros e partiu para longe. Quando chegou a época das colheitas, mandou
os seus servos aos vinhateiros para receber os frutos. Os vinhateiros,
porém, lançando mão dos servos, espancaram um, mataram outro e a outro
apedrejaram-no. Tornou ele a mandar outros servos, em maior número que os
primeiros, e eles trataram-nos do mesmo modo. Por fim mandou-lhes o seu
próprio filho, pensando: ‘Irão respeitar o meu filho’. Mas os vinhateiros,
ao verem o filho, disseram entre si: ‘Este é o herdeiro; vamos matá-lo e
ficaremos com a sua herança’. Agarraram-no, levaram-no para fora da vinha e
mataram-no. Quando vier o dono da vinha, que fará àqueles vinhateiros?» Os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo responderam-Lhe: «Mandará
matar sem piedade esses malvados e arrendará a vinha a outros vinhateiros que
lhe entreguem os frutos a seu tempo». Disse-lhes Jesus: «Nunca lestes na
Escritura: ‘A pedra rejeitada pelos construtores tornou-se a pedra angular; tudo
isto veio do Senhor e é admirável aos nossos olhos’? Por isso vos digo:
Ser-vos-á tirado o reino de Deus e dado a um povo que produza os seus frutos». Ao ouvirem as parábolas de Jesus, os príncipes dos sacerdotes e os fariseus
compreenderam que falava deles e queriam prendê-l’O; mas tiveram medo do
povo, que O considerava profeta.
Da Bíblia Sagrada - Edição
dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Gregório de Nissa (c. 335-395), monge, bispo
Terceira homilia
sobre o Cântico dos Cânticos
Frutificar naquele que nos foi dado na plenitude dos
tempos
«O meu amado é um cacho de uvas de Chipre
entre as vinhas de Engadi» (Ct 1,14). […] Este cacho divino cobre-se de flores
antes da Paixão e derrama o seu vinho na Paixão. […] Na videira, o cacho não tem
sempre a mesma forma, muda com o tempo: floresce, incha e, depois de estar
perfeitamente maduro, vai-se transformar em vinho. A videira promete, pois, pelo
seu fruto: ainda não está maduro e no ponto para dar vinho, mas espera a
plenitude dos tempos. No entanto, não é absolutamente incapaz de nos alegrar.
Com efeito, já antes do sabor, encanta o olfacto na espera de bens futuros, e
seduz os sentidos da alma pelos aromas da esperança. Porque a garantia da graça
esperada torna-se já alegria para os que esperam com constância. Assim é a uva
de Chipre que promete o vinho antes de o ser: pela sua flor – a sua flor é a
esperança –, dá-nos a garantia da graça futura. […]
Aquele cuja
vontade está em harmonia com a do Senhor, porque «a medita dia e noite»,
torna-se «uma árvore plantada à beira de um riacho, que dá fruto na estação
própria, e cuja folha não morre» (Sl 1,1-3). É por isso que a videira do Esposo,
que criou raízes no solo fértil de Engadi, isto é, no fundo da alma que é regada
e enriquecida pelos ensinamentos divinos, produz este cacho rico e cheio, no
qual pode contemplar o seu próprio jardineiro e o seu enólogo. Bem-aventurada
esta terra cultivada, cuja flor reproduz a beleza do Esposo! Uma vez que este é
a luz verdadeira, a vida verdadeira e a verdadeira justiça […], e também muitas
outras virtudes, se alguém, por suas obras, se assemelha ao Esposo, quando olha
para o cacho da sua própria consciência, vê o próprio Esposo, porque reflecte a
luz da verdade numa vida luminosa e imaculada. Foi por isso que esta videira
fecunda disse: «A minha vinha floresce, os botões estão a abrir» (cf Ct 7,13). O
Esposo, que é esta verdadeira vinha em pessoa, aparece amarrado ao lenho, e o
seu sangue tornou-se bebida de salvação para os que exultam na sua redenção.
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