PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Cristo, Rei do Universo
O ano litúrgico conflui, como todo o
Universo, a Cristo. Paulo escreve em 1ª Coríntios 15,28: “É preciso que Ele
reine até que todos os inimigos estejam debaixo de Seus pés. E quando todas as
coisas estiverem submetidas a Ele, então o próprio Filho se submeterá àquele
que lhe submeteu todas as coisas, para que Deus seja tudo em todos”. Tudo o que
há em todo o nosso universo foi criado por Ele e para Ele. João escreve no
início de seu evangelho: “Tudo foi feito por meio dEle e sem Ele nada foi feito
de tudo o que existe” (Jo 1,3). Cristo não é um a mais a disputar espaço com
outros “deuses” e muito menos com o “diabo”. Ele é o Senhor de tudo. Pilatos
perguntou-lhe: “Tu és rei?” Jesus respondeu: “Eu sou rei. Para isso eu nasci e
para isto eu vim ao mundo” (Jo 18,17). É Senhor de todas as coisas visíveis e
invisíveis. Jesus é rei, embora esse nome não signifique tanto, uma vez que não
se pode colocar Jesus ao lado das realezas da sociedade. Mas como não há
baralho sem rei, o mundo também não pode ficar sem Rei. Jesus não compreende
sua realeza de modo diferente das concepções vigentes. Ele diz de si: “Eu sou o
bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas” (Jo 10,11). A vida que Ele
dá é causa de vida: “Se por um homem veio a morte, por um homem, Jesus, veio a
ressurreição dos mortos. Como em Adão todos morrem, em Cristo reviverão” (1Cor
15,21-22).
Reino de serviço no
amor
Sua maneira de ser pastor é descrita por
Ezequiel: “Vou procurar a ovelha perdida, reconduzir a extraviada, enfaixar a
perna quebrada, fortalecer a doente, e vigiar a ovelha gorda e forte” (Ez
34,16). Seu modo de ser pastor passa ao modo de ser de seus seguidores. Mais
que ovelhas, somos filhos que devem aprender desse irmão maior o modo de viver.
Esse rei, no julgamento final, vai perguntar sobre o modo como tratamos os
necessitados: “Eu estava com fome e me destes de comer? Estava com sede e me destes
de beber? Era estrangeiro e me recebestes em casa? Estava nu e me vestistes?
Estava doente e cuidastes de mim? Estava na prisão e fostes me visitar?” (Mt
25,35-36). O Rei se identifica com cada um dos necessitados que querem viver.
“Todas as vezes que fizestes isso a um desses pequeninos, foi a mim que o
fizestes” (40). A relação de amor para com o próximo é a matéria do julgamento.
Ele dirá se somos ou não aptos a entrar no Reino celeste.
Reino de justiça,
amor e paz
Vivemos um tempo político
social bem degradado. As lideranças do mundo e mesmo da Igreja não estão
preocupadas com esse evangelho. Por isso vemos a derrocada do sentido e do
valor dessas instituições. A verdade não pode vir sem obras. Isso já escreve S.
Tiago: “A obra sem fé é morta em seu isolamento” (Tg 2,17). O que se prega? As
celebrações não são fonte de vida para o mundo. Não basta o rito. Jesus quer
que instituamos a justiça, o amor e a paz (canta o prefácio da missa). Sem isso,
perdemos o sentido de ser Igreja. O Estado se perdeu na ganância do poder. E
nosso empobrecimento continua. Dizer isso
não é política, é fé. O salmo do pastor explica-nos como Deus dirige seu povo.
Foi deste modo que Jesus esteve no meio de nós. Deste modo serão seus
seguidores: preocupados e ocupados em que todos tenham vida e a tenham em
abundância.
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