terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - “Vinde, benditos, para o Reino”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
Cristo, Rei do Universo
O ano litúrgico conflui, como todo o Universo, a Cristo. Paulo escreve em 1ª Coríntios 15,28: “É preciso que Ele reine até que todos os inimigos estejam debaixo de Seus pés. E quando todas as coisas estiverem submetidas a Ele, então o próprio Filho se submeterá àquele que lhe submeteu todas as coisas, para que Deus seja tudo em todos”. Tudo o que há em todo o nosso universo foi criado por Ele e para Ele. João escreve no início de seu evangelho: “Tudo foi feito por meio dEle e sem Ele nada foi feito de tudo o que existe” (Jo 1,3). Cristo não é um a mais a disputar espaço com outros “deuses” e muito menos com o “diabo”. Ele é o Senhor de tudo. Pilatos perguntou-lhe: “Tu és rei?” Jesus respondeu: “Eu sou rei. Para isso eu nasci e para isto eu vim ao mundo” (Jo 18,17). É Senhor de todas as coisas visíveis e invisíveis. Jesus é rei, embora esse nome não signifique tanto, uma vez que não se pode colocar Jesus ao lado das realezas da sociedade. Mas como não há baralho sem rei, o mundo também não pode ficar sem Rei. Jesus não compreende sua realeza de modo diferente das concepções vigentes. Ele diz de si: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas” (Jo 10,11). A vida que Ele dá é causa de vida: “Se por um homem veio a morte, por um homem, Jesus, veio a ressurreição dos mortos. Como em Adão todos morrem, em Cristo reviverão” (1Cor 15,21-22).
Reino de serviço no amor
Sua maneira de ser pastor é descrita por Ezequiel: “Vou procurar a ovelha perdida, reconduzir a extraviada, enfaixar a perna quebrada, fortalecer a doente, e vigiar a ovelha gorda e forte” (Ez 34,16). Seu modo de ser pastor passa ao modo de ser de seus seguidores. Mais que ovelhas, somos filhos que devem aprender desse irmão maior o modo de viver. Esse rei, no julgamento final, vai perguntar sobre o modo como tratamos os necessitados: “Eu estava com fome e me destes de comer? Estava com sede e me destes de beber? Era estrangeiro e me recebestes em casa? Estava nu e me vestistes? Estava doente e cuidastes de mim? Estava na prisão e fostes me visitar?” (Mt 25,35-36). O Rei se identifica com cada um dos necessitados que querem viver. “Todas as vezes que fizestes isso a um desses pequeninos, foi a mim que o fizestes” (40). A relação de amor para com o próximo é a matéria do julgamento. Ele dirá se somos ou não aptos a entrar no Reino celeste.
Reino de justiça, amor e paz
Vivemos um tempo político social bem degradado. As lideranças do mundo e mesmo da Igreja não estão preocupadas com esse evangelho. Por isso vemos a derrocada do sentido e do valor dessas instituições. A verdade não pode vir sem obras. Isso já escreve S. Tiago: “A obra sem fé é morta em seu isolamento” (Tg 2,17). O que se prega? As celebrações não são fonte de vida para o mundo. Não basta o rito. Jesus quer que instituamos a justiça, o amor e a paz (canta o prefácio da missa). Sem isso, perdemos o sentido de ser Igreja. O Estado se perdeu na ganância do poder. E nosso empobrecimento continua.  Dizer isso não é política, é fé. O salmo do pastor explica-nos como Deus dirige seu povo. Foi deste modo que Jesus esteve no meio de nós. Deste modo serão seus seguidores: preocupados e ocupados em que todos tenham vida e a tenham em abundância.

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