terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - Salvos por Cristo

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
Uma promessa uma certeza
            A temática desta Quaresma está voltada para as alianças de Deus com o homem. Essas alianças não são somente gestos rituais ou palavras de efeito, mas compromisso. Deus quis Se comprometer. A promessa de Deus a Noé destina-se à garantia de não haver mais castigo: “não haverá mais dilúvio para destruir a terra” (Gn 9,11). É uma promessa e uma certeza, pois Deus dependurou o arco no céu. O arco-íris lembra a arma de guerra, o arco. Deus é totalmente a favor do homem. Não sonha destruição. É uma certeza porque as ações de Deus que virão depois serão sempre de maiores libertações, culminando com a morte redentora de Cristo. O tempo da Quaresma é chamado pela oração da missa (em latim) de “sacramento da Quaresma” É um tempo que lembra e realiza a palavra anunciada e o rito celebrado. As promessas de Deus continuam vivas e atuantes. Na celebração da Quaresma entramos em contato com essas alianças e com a libertação que elas trazem. Pedro, em sua primeira carta, explica que o batismo já fora prefigurado pela arca de Noé: “À arca corresponde o batismo que hoje é vossa salvação” (1Pd 3,21). Analisando as antigas promessas, percebemos como explicam a redenção que Cristo nos trouxe. Por isso a liturgia as assume para fazer-nos compreender esse mistério.
Tentações de Cristo, tentações do homem
            Iniciamos a Quaresma com a narrativa da tentação de Jesus. Marcos não fala de três tentações, mas que “O Espírito levou Jesus para o deserto. E ele ficou no deserto durante quarenta dias e aí foi tentado por Satanás. Vivia entre os animais selvagens e os anjos o serviam” (Mc 1,12-13) Em poucas palavras ensina a teologia, a psicologia e a dinâmica da tentação. Há sempre em Deus uma proposta de vida que deve ser acolhida e realizada. Tudo fazemos sob a ação do Espírito. O deserto é o lugar do encontro com Deus, momento da tentação e da definição pela aliança com Ele. A tentação não vem de Deus. Ela coloca todo nosso ser em tensão de acolhimento ou recusa. A proposta de Deus deve ser acolhida com abertura total. Trata-se da perda para ter o ganho. Cristo foi tentado em sua realidade humana. O numero 40 está a dizer completo, isto é, toda sua vida. Ser tentado e vencer foi para Cristo, a demonstração de sua entrega total ao Pai, em tudo e por tudo. S.Agostinho explica a teologia da tentação: Cristo assumiu em si nossas tentações e nós vencemos com Ele. Já encerramos esse capítulo. Falta agora ir distribuindo essa vitória em todos os outros atos nos quais devemos optar. Não há tentação invencível.
Convertei-os e crede no Evangelho.
            Jesus foi conduzido pelo Espírito. Para vencer a tentação temos a presença do
Espírito Santo. Ele nos guia para encontrar as respostas adequadas quando devemos decidir pelo bem ou pelo mal. A Bíblia diz: “ponho diante de ti o bem e o mal; “tu, busca a vida” (Dt 30,15.19). Conversão não é tanto um processo de arrependimento permanente, mas uma capacidade de sempre escolher melhor. Não ficar só no chorar o leite derramado, mas tomar o que somos e fazer crescer. A conversão é do positivo ao sempre melhor. Inclui também sair do mal, mas toda saída inclui um passo adiante. Por isso Jesus inicia sua pregação convidando a ir em diante, mesmo se não sabemos bem o caminho. A busca é a força da conversão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário