A liturgia é um momento importante
para a proclamação da Palavra. O Concílio Vaticano II mandou que “nas
celebrações litúrgicas fosse mais abundante, variada e bem adaptada a leitura
da Sagrada Escritura” (SC 35,1). A liturgia possibilita a leitura de 90% da
Palavra. É dela que se deve aurir a pregação, pois é anúncio das maravilhas
divinas na história da salvação, isto é, no mistério de Cristo que está sempre
presente em nós e opera, sobretudo nas celebrações (Idem 2). A Constituição
Sacrosanctum Concilium ensina a presença de Cristo na celebração, tanto
Eucaristia como demais sacramentos: “Para realizar tão grande obra – o Mistério
Pascal – Cristo está presente no sacrifício da Missa, tanto na pessoa do
ministro e sobretudo nas espécies eucarísticas. Está presente pela sua virtude
nos sacramentos… Está presente na sua Palavra, pois é Ele quem fala
quando, na Igreja se lêem as Sagradas Escrituras. Está presente na Igreja
que ora e salmodia (SC 7). A força e a consistência de uma celebração estão na
presença de Cristo. A Palavra anunciada não é um texto lido. Sua força não está
primeiramente no ensinamento que traz, mas é na certeza da presença de Cristo
que continua anunciando o Reino. Ela é a proclamação da atualidade do Mistério
Pascal que nos salva. Cristo Sacerdote está junto do Pai na celebração eterna
de sua Glória e está realmente presente entre nós. Participamos de seu múnus
sacerdotal, através de sinais sensíveis que explicam e realizam a santificação
dos homens e celebram o culto público e integral ao Pai. Celebrar a Palavra é
acolher a presença Cristo. Vejamos o quanto isso exige de carinho, atenção e
cuidado na proclamação.
1470.A Palavra se faz Carne
A definição acentua
que a liturgia simboliza através de sinais sensíveis e realiza, de modo próprio
a cada sacramento, a santificação e a glorificação de Deus. Quando se diz que o
Verbo se fez Carne, diz da Encarnação de Cristo. O que era visível em Cristo
está presente nos sinais sacramentais. Cada ação litúrgica apresenta todo o
Mistério Pascal de Cristo, isto é, o que fez pela nossa salvação, a partir de
uma diferente ação de Cristo. A proclamação da Palavra junto com o sinal no
rito sacramental mostra a ação de Cristo de acordo com o sacramento, fazendo
memória de um aspecto da vida redentora de Cristo. É toda a força redentora do
mistério de Cristo a partir de um sacramento. A Encarnação continua. Por isso
podemos dizer que a Palavra se fez Carne, manifestação visível da graça de
Deus. A perda deste aspecto faz com que os sacramentos se tornem ritos vazios e
que não nos conduzem a viver o mistério celebrado.
1471.Faço novas todas as coisas
Como a Palavra é viva e eficaz e vai
além da letra. É presença do Cristo e está unida a todo o seu mistério. A
Constituição Dei Verbum, falando das Sagradas Escrituras diz: “A Igreja sempre
venerou as divinas Escrituras, da mesma forma como o próprio Corpo do Senhor,
já que, principalmente na sagrada Liturgia, sem cessar, toma das mesas tanto da
Palavra de Deus, quando do Corpo de Cristo, o Pão da Vida e o distribui aos
fiéis (DV 21). A escuta da Palavra nos põe em comunhão real com o mistério do
Cristo morto e ressuscitado. Viver a Palavra é fazer um mundo novo. Vivendo,
damos forma visível à Palavra. Ela será sempre a mesma e sempre nova, pois é
viva. Não acrescentamos nada à Palavra, mas a tornamos visível pela ação do
Espírito Santo.
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