Evangelho segundo S. Mateus 21,28-32.
Naquele
tempo, disse Jesus aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo:«Que vos
parece? Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, disse-lhe: 'Filho,
vai hoje trabalhar na vinha.'Mas ele respondeu: 'Não quero.’ Mais tarde,
porém, arrependeu-se e foi. Dirigindo-se ao segundo, falou-lhe do mesmo modo
e ele respondeu: 'Vou sim, senhor.’ Mas não foi. Qual dos dois fez a vontade
ao pai?» Responderam eles: «O primeiro.» Jesus disse-lhes: «Em verdade vos digo:
Os cobradores de impostos e as meretrizes vão preceder vos no Reino de Deus. João veio até vós, ensinando-vos o caminho da justiça, e não acreditastes
nele; mas os cobradores de impostos e as meretrizes acreditaram nele. E vós, nem
depois de verdes isto, vos arrependestes para acreditar nele.»
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Clemente de Alexandria (150-c.
215), teólogo
Homilia «Que rico será salvo?», 39-40
«Os cobradores de impostos e as meretrizes vão preceder-vos no Reino
de Deus»
As portas estão abertas a todo aquele que,
em sinceridade e de todo o coração, se voltar para Deus, e é com alegria que o
Pai recebe um filho verdadeiramente arrependido. Qual é o sinal do
arrependimento verdadeiro? Não voltar a cair em velhos erros e arrancar do
coração, pela raiz, os pecados que nos punham em perigo de morte; quando estes
estiverem apagados, Deus virá habitar-nos. Porque, como diz a Escritura, um
pecador que se converte e se arrepende dará ao Pai e aos anjos do céu uma imensa
e incomparável alegria (Lc 15,10). Foi por isso que o Senhor disse: «Eu quero a
misericórdia e não os sacrifícios» (Os 6, 6; Mt 9,13); «Não tenho prazer na
morte do ímpio, mas sim na sua conversão» (Ez 33,11); «Mesmo que os vossos
pecados sejam como escarlate, tornar-se-ão brancos como a neve. Mesmo que sejam
vermelhos como a púrpura, ficarão brancos como a lã» (Is 1, 18).
Só
Deus, de facto, pode remir os pecados e não imputar erros, ainda que o Senhor
Jesus nos exorte a perdoar, em cada dia, aos irmãos que se arrependem. E se nós,
que somos maus, sabemos dar coisas boas aos outros (Mt 7,11), quanto não será
capaz de dar «o Pai das misericórdias» (2Cor 1,3)? O Pai de toda a consolação,
que é bom, cheio de compaixão, de misericórdia e de paciência por natureza,
espera os que se convertem. E a verdadeira conversão supõe que deixemos de pecar
e que não olhemos mais para trás […]. Lamentemos amargamente, pois, os erros
cometidos e peçamos ao Pai que os esqueça. Ele pode, na sua misericórdia,
desfazer o que foi feito e, com o orvalho do Espírito, apagar as nossas faltas
passadas.
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