Evangelho segundo S. Lucas 9,1-6.
Naquele
tempo, Jesus chamou os doze Apóstolos e deu-lhes poder e autoridade sobre todos
os demónios e para curarem todas as doenças. Depois, enviou-os a proclamar o
Reino de Deus e a curar os doentes, e disse-lhes: «Nada leveis para o
caminho: nem cajado, nem alforge, nem pão, nem dinheiro; nem tenhais duas
túnicas. Em qualquer casa em que entrardes, ficai lá até ao vosso regresso. Quanto aos que vos não receberem, saí dessa cidade e sacudi o pó dos vossos
pés, para servir de testemunho contra eles.» Eles puseram-se a caminho e
foram de aldeia em aldeia, anunciando a Boa-Nova e realizando curas por toda a
parte.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos
Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Papa Francisco
Exortação apostólica «Evangelii Gaudium / A alegria
do Evangelho» §§ 181-183 (trad. © copyright Libreria Editrice Vaticana, rev)
Foram de aldeia em aldeia, anunciando a boa nova
O mandato de Cristo é: «Ide pelo mundo
inteiro, proclamai o Evangelho a toda criatura» (Mc 16,15), porque toda «a
criação se encontra em expectativa ansiosa, aguardando a revelação dos filhos de
Deus» (Rom 8, 19). «Toda a criação» significa também todos os aspectos da vida
humana. […] Os ensinamentos da Igreja acerca das situações contingentes estão
sujeitos a maiores ou novos desenvolvimentos e podem ser objecto de discussão,
mas não podemos evitar ser concretos. […] Os pastores, acolhendo as
contribuições das diversas ciências, têm o direito de exprimir opiniões sobre
tudo aquilo que diz respeito à vida das pessoas, dado que a tarefa da
evangelização implica e exige uma promoção integral de cada ser humano.
Já não se pode afirmar que a religião deve limitar-se ao âmbito privado
e serve apenas para preparar as almas para o céu. Sabemos que Deus deseja a
felicidade dos seus filhos também nesta terra, embora estejam chamados à
plenitude eterna, porque Ele criou todas as coisas «para nosso usufruto» (1Tim
6,17), para que todos possam usufruir delas. Por isso, a conversão cristã exige
rever «especialmente tudo o que diz respeito à ordem social e consecução do bem
comum». (São João Paulo II)
Por conseguinte, ninguém pode exigir-nos que
releguemos a religião para a intimidade secreta das pessoas, sem qualquer
influência na vida social e nacional, sem nos preocuparmos com a saúde das
instituições da sociedade civil, sem nos pronunciarmos sobre os acontecimentos
que interessam aos cidadãos. Quem ousaria encerrar num templo e silenciar a
mensagem de São Francisco de Assis e da Beata Teresa de Calcutá? Eles não o
poderiam aceitar. Uma fé autêntica – que nunca é cómoda nem individualista –
comporta sempre um profundo desejo de mudar o mundo, de transmitir valores, de
deixar a Terra um pouco melhor depois da nossa passagem por ela.
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