PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Era uma vez a Semana Santa.
Quando
vemos nossas Semanas Santas de hoje, sobretudo para os mais antigos, ficamos
decepcionados, pois não vemos mais aquele espírito de que ela era revestida.
Havia tradições, celebrações, cerimônias, usos e costumes. Era muito bonito e
interessante. A tradição criara um universo muito claro para a Quaresma e em
particular para a esta semana. Antes se contavam tantas mil pessoas na procissão.
Agora dizemos: tantos mil carros que desceram para a baixada santista. Podemos
perguntar: qual é o mais certo? O estilo de Semana Santa foi criado no correr
dos séculos, e até muito recentemente. Quando fui a Jerusalém, fizemos uma
via-sacra pelas ruas apertadas do centro velho. O pobre padre, muito santinho
que pregava, ficou perdido naquela confusão de gente vendendo e gritando.
Pensei: A via-sacra de Jesus naquela sexta-feira sangrenta deve ter sido igual
a essa. Não podemos voltar atrás, mas ir adiante. Certo que podemos recuperar
alguns dados. Mas, nem tudo se ajusta ao momento atual. Além do mais o universo
religioso e o conceito de religião mudou. Assim é preciso criar novas
manifestações que preencham o vazio que se produziu.
Caminhos novos para Semana Santa.
A
renovação litúrgica da Semana, que começou nos inícios de 1900, concretizou-se
em 1955 com a reforma de Pio XII e se estabeleceu em 1969 com a publicação do
missal romano. O resultado desta reforma foi levar de volta toda a liturgia ao
seu centro necessário que é a Páscoa, na sua tradição primeira: Tríduo Pascal,
onde celebramos a morte, sepultura e ressurreição de Jesus, culminando com a
Vigília Pascal, mãe de todas as vigílias do ano. Esta celebração é fundamental,
e graças a Deus, está encontrando seu lugar na cultura religiosa. A procissão
do Senhor Morto era um mar de gente. Mas na Vigília Pascal havia só 100. Agora
já se percebe uma mudança. Os novos costumes e tradições devem surgir deste
acontecimento fundamental para a liturgia. Devemos preservar as sãs tradições
litúrgicas, mas ir catequizando o povo para a nova mentalidade. Sem catequese
não funciona. Como não funciona, procura-se voltar ao passado para encher o
vazio que se produziu. A catequese antiga se fazia através das representações e
tantas exercícios de piedade pessoal ou comunitários. Tudo é bom, desde que bem
catequizado e orientado para o novo modo de compreender a liturgia. Agora
criemos novas formas que nasçam da liturgia e não só da piedade.
Catequese
que podemos fazer.
Uma boa catequese litúrgica parte da celebração bem
preparada e bem realizada. Se a celebração se torna uma tourada, não educa. A
explicação das cerimônias e a meditação dos textos, o uso de audiovisuais pode
ajudar muito. Sobretudo, a compreender que a melhor maneira de participar
destas celebrações é unir-se ao Cristo que se oferece ao Pai pelo mundo. Quanto
mais unido a Cristo, tanto mais compreenderá o que Ele fez por nós.
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