terça-feira, 22 de abril de 2014

REFLETINDO A PALAVRA - “À Luz da Páscoa”.

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Páscoa, vitória de Cristo.
            A Páscoa de Cristo é a vitória sobre a própria morte. Se não tivesse ressuscitado teria acabado tudo ali numa tumba fria e escura. Teríamos uma religião de veneração de ossos de um defunto bem antigo e até bem conservados. Mas nossa fé é em Cristo vivo, vencedor da morte. A morte não é mais o fim. Ele é vencedor do mal. O bem e a graça são a condição normal da pessoa. Ele é o Senhor. Venceu o pecado e a dívida do pecado, “pois crucificou-a na cruz com Ele” (Cl 2,14). Paulo diz que o “pecado não domine mais sobre vosso corpo mortal” (Rm 6,12). Há muitos cristãos (crentes, movimentos, grupos religiosos etc...) que vivem falando do demônio, como se ele fosse o senhor. Jesus vive e é o Senhor. Se estivermos com Ele, venceremos com Ele.  Para entender a ressurreição temos que conhecer as profecias que no passado foram feitas e acolher a história da salvação: a criação, o pecado, a escolha de Abraão, de seu povo, as alianças, os profetas, as situações de sofrimento escravidão que a história nos apresenta. Podemos perceber como o nascimento, a vida, morte e ressurreição de Jesus correspondem a todas estas promessas e anseios. Sua Páscoa, sua vida nova, invade o pequeno mundo de Jerusalém e o império romano em tão pouco tempo. Tetuliano diz: “somos de ontem e estamos em todo mundo”. O anúncio é este: Ele vive e é o Senhor. Um Deus morto ressuscitado é a solução para tudo e para todos. Por isso não temos um Deus morto, mas vivo.
Que devemos fazer irmãos?
A Páscoa de Cristo é o coração da vida da Igreja. Dela tiramos energia para todas as dimensões da vida cristã no mundo. Pedro no dia de Pentecostes, com toda a valentia que lhe dava o Espírito, diz: “Vós o entregastes crucificando-o” (At 2,23). “Porém Deus o ressuscitou” (24). “Nós somos testemunhas” (32). Perguntaram a Pedro e aos apóstolos: “Irmãos, o que devemos fazer?” (37). Pedro responde: “Convertei-vos e cada um seja batizado em nome de Jesus para a remissão dos pecados e recebereis o dom do Espírito Santo” (38). Esta pergunta deveria ser feita ainda hoje. A resposta é a mesma: converter-se e passar a pensar a partir de Cristo ressuscitado. Na Igreja temos a presença do Cristo Ressuscitado nos sete sacramentos e nos inumeráveis “sacramentos” que nos cercam cada dia, mostrando-nos que Ele continua presente. Cada sacramento atua em nós a presença do Ressuscitado. Cada um a seu modo. Cada gesto de amor, cada prece, faz-nos participantes desta ressurreição e habitantes da vida do alto, como ouvimos na leitura da missa de Páscoa.
Viver a vida do alto.
“Se ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas do alto  onde está Cristo à direita de Deus” (Cl 3,1-2). É um caminho de vida, numa ética de ressuscitados. Viver a partir da ressurreição. Não se trata de busca, mas desde o batismo já vivemos esta realidade. Nossa vida não seria assim, se não vivêssemos já a partir da ressurreição, mesmo sem saber. O esforço que fazemos para viver a vida evangélica já é sinal da presença do Ressuscitado. Estarei convosco todos os dias até a consumação dos séculos.

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