quinta-feira, 24 de abril de 2014

REFLETINDO A PALAVRA - “Uma história de amor”.

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
O amor de Cristo nos pressiona.
            “O amor de Cristo nos pressiona, quando consideramos que um só morreu por todos e que, por conseguinte, todos morreram. Ora, ele morreu por todos, a fim de que aqueles que vivem, não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que morreu e ressuscitou por eles” (II Cor 5,14). O amor de Cristo nos põe de costas para a parede, pois Ele amou. A primeira e fundamental compreensão da morte e ressurreição de Jesus se faz pelo amor. Sempre temos interpretado a redenção como da libertação do pecado. Falamos muito pouco da redenção como graça superabundante da qual Paulo escreve na carta aos Romanos: “onde foi abundante o pecado, superabundou a graça” (Rm 6,21). Se grande foi o pecado, maior foi a graça. Esta obra redentora deve ser entendida em chave de amor, pois cantamos na mesma liturgia pascal: “O pecado de Adão, indispensável, pois o Cristo o dissolve em seu amor”! O pecado foi queimado no fogo do amor de Deus que se fez carne e manifestou o amor.
Tu me amas?
            No evangelho de João, capítulo 21, lido nestes dias, encontramos o belo texto do encontro do Ressuscitado à beira do mar. Jesus diz a Pedro: “Simão, tu me amas?” – “Sim, Senhor, tu sabes que te amo!” responde Pedro. – “Apascenta minha ovelhas”, diz Jesus. Na realidade Jesus está dizendo: continua a obra do meu amor por cada um dos meus discípulos. Isaias e  Ezequiel proclamam este amor de Deus na simbologia do cuidado com as ovelhas. Jesus se diz o bom pastor que dá a vida pelas ovelhas. Este amor de Jesus vem de seu Pai que fez aliança com Abraão e com o povo. O sentido de aliança é amor comprometido. Se se comprometeu conosco foi por amor, pois Deus é amor e misericórdia. A redenção, na compreensão de Jesus  é um contínuo canto de amor. Desde seu nascimento o amor é a tônica e a razão: amava intensamente. João se sentia tão amado que se chamava “o discípulo que Jesus amava”. Mais ainda: Jesus não teria enfrentando todo o sofrimento se não o sustentasse o amor. Já dissera: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15,13). João escreve ao iniciar o relato da Ceia: “Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o extremo do amor” (Jo 13,1). Quando olha para Pedro no julgamento, não o está condenando, está amando. É como dissesse: Simão, não se preocupe com seu erro, eu amo muito você. Foi isso que fez Pedro chorar amargamente.
Amar é ressuscitar.
            O gesto de Jesus indica como deve ser a vida do discípulo: depois de lhes lavar os pés, diz: “Eu que sou o vosso Mestre e Senhor, vos lavei os pés, também deveis lavar-vos os pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo para que vós o façais” ( Jo 13,13-15). A morte de Jesus foi um serviço humilde, por isso Deus o exaltou. Vemos aí, que morte e ressurreição se explicam pelo amor. E a vida do discípulo só se constrói no amor. A partir deste amor realizado em Jesus, no seu mistério pascal, é que se constrói a Igreja. A vida de cada um se explica só a partir do amor. A falta do amor é a razão da destruição e de tantos males do mundo. Padres, bispos e papas, se não partem do amor, com todo o povo de Deus, estão fazendo um grande mal ao mundo. Melhor seria, como diz Jesus, amarrar-lhe uma pedra ao pescoço e jogá-lo no fundo do mar (Mt 18,6). 

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