Evangelho segundo S. Mateus 26,14-25.
Naquele
tempo, um dos Doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os sumos sacerdotes e disse-lhes: «Quanto me dareis, se eu vo-lo entregar?» Eles garantiram-lhe
trinta moedas de prata. E, a partir de então, Judas procurava uma
oportunidade para entregar Jesus. No primeiro dia da festa dos Ázimos, os
discípulos foram ter com Jesus e perguntaram-lhe: «Onde queres que façamos os
preparativos para comer a Páscoa?» Ele respondeu: «Ide à cidade, a casa de
um certo homem e dizei-lhe: 'O Mestre manda dizer: O meu tempo está próximo; é
em tua casa que quero celebrar a Páscoa com os meus discípulos.’»
Os
discípulos fizeram como Jesus lhes ordenara e prepararam a Páscoa. Ao cair
da tarde, sentou-se à mesa com os Doze. Enquanto comiam, disse: «Em verdade
vos digo: Um de vós me há-de entregar.» Profundamente entristecidos,
começaram a perguntar-lhe, cada um por sua vez: «Porventura serei eu, Senhor?» Ele respondeu: «O que mete comigo a mão no prato, esse me entregará. O
Filho do Homem segue o seu caminho, como está escrito acerca dele; mas ai
daquele por quem o Filho do Homem vai ser entregue. Seria melhor para esse homem
não ter nascido!» Judas, o traidor, tomou a palavra e perguntou: «Porventura
serei eu, Mestre?» «Tu o disseste» respondeu Jesus.
Da Bíblia
Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Beato John Henry Newman (1801-1890),
presbítero, fundador do Oratório em Inglaterra
Meditações e Orações, Parte
III, 2, 2 «Nosso Senhor recusa a simpatia», § 15
Quando Se separou de sua mãe, Jesus escolheu
amigos humanos – os doze apóstolos – como se tivesse desejado pôr neles a sua
simpatia. Escolheu-os, diz Ele, para serem, não servos, mas amigos (Jo 15,15).
Fez deles seus confidentes; confiou-lhes coisas que não disse a outros. Era sua
vontade favorecê-los, mostrar-lhes toda a sua generosidade, como um pai para com
os seus filhos dilectos. Pelo que lhes revelou, satisfê-los mais do que aos
reis, aos profetas e aos sábios da Antiga Aliança. Chamou-lhes «filhinhos» (Jo
13, 33); para lhes conferir os seus dons, preferiu-os aos «sábios e entendidos»
deste mundo (Mt 11,25). Manifestou a sua alegria e elogiou-os por permanecerem
consigo nas provações (Lc 22,28) e, como sinal de reconhecimento, anunciou-lhes
que um dia se haviam de sentar em doze tronos para julgar as doze tribos de
Israel (v.30). Já perto da suprema provação, encontrou conforto na sua amizade.
Reuniu-os à sua volta na última Ceia, como que para ter o seu apoio
naquela hora solene. «Tenho ardentemente desejado comer esta Páscoa convosco,
antes de padecer» (Lc 22,15). Havia pois entre o Mestre e os seus discípulos uma
mútua afeição, uma simpatia profunda. Mas era sua vontade que os amigos O
abandonassem, O deixassem só – uma vontade verdadeiramente digna de adoração. Um
traiu-O; outro negou-O; os restantes fugiram, deixando-O nas mãos dos inimigos
[…]. Esteve pois só quando pisou as uvas no lagar. Sim, Jesus, o todo-poderoso e
bem-aventurado, Aquele que tinha a alma repleta da plena glória da natureza
divina, quis submeter a sua alma a todas as enfermidades da nossa natureza.
Assim como rejubilara com a amizade dos seus, aceitou a desolação e o abandono.
E, quando quis, escolheu privar-Se da luz da presença de Deus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário