Evangelho segundo São Mateus 17,1-9.
Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e levou-os, em particular, a um alto monte
e transfigurou-Se diante deles: o seu rosto ficou resplandecente como o Sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz.
E apareceram Moisés e Elias a falar com Ele.
Pedro disse a Jesus: «Senhor, como é bom estarmos aqui! Se quiseres, farei aqui três tendas: uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias».
Ainda ele falava, quando uma nuvem luminosa os cobriu com a sua sombra, e da nuvem uma voz dizia: «Este é o meu Filho muito amado, no qual pus toda a minha complacência. Escutai-O».
Ao ouvirem estas palavras, os discípulos caíram de rosto por terra e assustaram-se muito.
Então, Jesus aproximou-Se e, tocando-os, disse: «Levantai-vos e não temais».
Erguendo os olhos, eles não viram mais ninguém, senão Jesus.
Ao descerem do monte, Jesus deu-lhes esta ordem: «Não conteis a ninguém esta visão, até o Filho do homem ressuscitar dos mortos».
Tradução litúrgica da Bíblia
Papa, doutor da Igreja
Homilia 51, sobre a Transfiguração; SC 74 bis
Jesus deu-lhes esta ordem:
«Não conteis a ninguém esta visão,
até o Filho do homem ressuscitar dos mortos»
Jesus queria armar os seus apóstolos com uma força de alma e uma constância que lhes permitissem carregar sem temor a sua cruz, a despeito da dureza desta. Queria também que eles não corassem com o seu suplício, que não considerassem uma vergonha a paciência com que Ele haveria de suportar uma Paixão cruel, sem que a glória do seu poder em nada ficasse diminuída. Por isso, Jesus «tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e levou-os, em particular, a um alto monte», onde lhes mostrou o esplendor da sua glória. Pois, embora tivessem compreendido que a majestade divina estava nele, os apóstolos ignoravam ainda o poder contido naquele corpo que encobria a divindade.
O Senhor revela a sua glória na presença das testemunhas que escolhera; e o seu corpo, semelhante a todos os outros corpos, difunde um esplendor tal que «o seu rosto ficou resplandecente como o Sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz». O objetivo desta transfiguração era indubitavelmente retirar do coração dos discípulos o escândalo da cruz, não permitir que a humildade da sua Paixão voluntária lhes abalasse a fé; mas esta revelação também fundava na sua Igreja a esperança que haveria de sustentá-la. Deste modo, todos os membros da Igreja, que é o seu corpo, compreenderiam que, um dia, esta transformação também haveria de operar-se neles, pois fora prometido aos membros que participariam na honra que resplandeceu na Cabeça. O próprio Senhor dissera, ao falar da majestade do seu advento: «Então os justos resplandecerão como o Sol no reino de seu Pai» (Mt 13,43). Por seu turno, o apóstolo Paulo afirma: «Tenho como coisa certa que os sofrimentos do tempo presente nada são em comparação com a glória que há de revelar-se em nós» (Rom 8,18). E também: «Porque estais mortos e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a vossa vida, aparecer, então também vós aparecereis com Ele, revestidos de glória» (Col 3,3-4).
Nenhum comentário:
Postar um comentário