A Vigília Pascal celebrou a Ressurreição do Senhor, momento mais importante da liturgia da Igreja no qual celebramos a Ressurreição do Senhor que é também nossa ressurreição. João salienta que é o primeiro dia da semana (Jo 20,1). Começa um mundo novo, como na criação. Madalena foi ao túmulo e viu que a pedra que fechava a entrada do túmulo estava retirada. Correu a anunciar a Pedro e João que correm ao túmulo e encontram as faixas jogadas e o lenço que cobriu o rosto, o sudário, dobrado num lugar à parte (cfr nota). Pedro entrou e viu, João viu e creu. O túmulo vazio foi sempre a grande prova de sua ressurreição. Um sentido de ter o rosto descoberto é uma expressão de visão de Deus. Agora podemos contemplar o rosto divino de Cristo em seu rosto humano. Vendo-o, vemos o Pai, como dissera a Filipe: “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14,9). Os discípulos, Pedro e João, não haviam compreendido a EScritura, segundo a qual Ele deveria ressuscitar dos mortos (Jo,20,9). A fé em Cristo ressuscitado permanece ainda uma dificuldade para os cristãos. Não sabem fazer de sua vida uma vida unida a Jesus Ressuscitado. Temos que partir da Ressurreição para nossa vida sacramental e a vida do dia a dia. Os discípulos, em suas primeiras pregações aos judeus e, na leitura de Atos 10, ao pagão Cornélio, descrevem o sofrimento, mas colocam a Ressurreição como ponto fundamental: Dizem: “Mas Deus o ressuscitou no terceiro dia, concedendo-Lhe manifestar-se não a todo povo, mas às testemunhas que Deus havia escolhido: anos que comemos e bebemos com Jesus depois que ressuscitou dos mortos (At 10,40)”. O testemunho dos discípulos é de tal modo convincente a ponto de levar à conversão (com a graça do Espírito) a tantas pessoas. Celebrando o domingo da Páscoa renovamos nossa alegria, como rezamos no salmo: “Este é o dia que o Senhor fez para nós: exultemos e alegremo-nos e nele exultemos!” A misericórdia eterna do Senhor se manifesta na ressurreição do Cordeiro imolado que levou do mundo o pecado (Sequência). Jesus envia os discípulos e a nós para o testemunho. Só crê quem é capaz de testemunhar. Madalena corre a contar aos discípulos. A Ressurreição não é somente um fato da história de Jesus, é uma realidade que move a Vida que temos e nos veio pela Ressurreição. “Morrendo destruiu a morte, ressurgindo, deu-nos a vida” (Prefácio).
Passou fazendo o bem
Missão que continua: “E Jesus nos mandou pregar ao povo e testemunhar que Deus O constituiu Juiz dos vivos e todos mortos” (42). Pedro, na casa de Cornélio faz uma síntese magnífica da vida de Jesus: “Ungido por Deus pelo Espírito Santo e com poder, Ele andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os que estavam dominados pelo demônio, porque Deus estava com Ele” (38). A missão de Jesus de libertar do mal e dar a vida não é um ato final, mas vem com Ele durante toda sua vida. O bem maior é a ressurreição que acontece no momento do ato de fé.
Buscai as coisas do alto.
Os que ressuscitaram com Cristo tem uma Vida nova. Agora a vida é outra, a do alto. Não que se fuja da realidade da terra, mas se viva na terra como no céu. Ele abriu para nós as portas da eternidade. “Celebrando a ressurreição do Senhor, renovados pelo vosso Espírito, ressuscitemos na luz da vida nova” (oração). Pelos sacramentos pascais cheguemos à luz da ressurreição (pós comunhão). A mudança do coração pela fé em Jesus e pela ação de Deus em nós, nos leva a viver uma vida coerente com a vida de Jesus.
Leituras:Atos 10,34ª.37-43; Salmo 117;
Colossenses, 3,1-4;João 20,1-9
1. A Vigília Pascal celebra a Ressurreição do Senhor, centro da vida cristã. Madalena vai ao túmulo e, vendo a pedra rolada, chama Pedro e João que vão e veem. João vê e crê. A fé em Cristo ressuscitado permanece uma dificuldade para nós. Esta é a pregação dos apóstolos. Só testemunha quem crê. Ressurreição, realidade da vida nova.
2. Jesus mandou pregar ao povo e testemunhar que Deus O constituiu Juiz dos vivos e dos mortos. Pedro ensina que Jesus passou entre nós fazendo o bem. A missão de libertar do mal o acompanha toda a vida.
3. Temos uma Vida nova porque ressuscitados com Cristo. Ele abriu para nós as portas do Paraíso. Pelos sacramentos pascais chegamos à luz da Ressurreição. A vida deve ser coerente buscando as coisas do alto, vivendo na terra como no Céu.
Essa festa eu não perco!
Na madrugada do domingo foi uma confusão de notícia e de gente. Para uns o defunto tinha sumido, para outro Ele estava vivinho da silva. Foi muito forte. Madalena viu o túmulo aberto. Corre a contar. Pedro e João correm para ver. João, mais novo chegou primeiro, mas não entrou. Pedro entrou e viu. João entrou, viu e acreditou. É um ato de fé no Cristo vivo.
Naquele dia, a alegria foi completa.
Para nós, Ressurreição é um tema distante. Acreditamos. Mas como acreditamos. Paulo ensina na carta aos Colossenses: “Vós que ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto... aspirai às coisas celestes e não às terrestres... Nossa vida está escondida, com Cristo em Deus.” (Cl 3,2-3).
Tudo isso quer dizer que nossa vida tem sentido somente a partir da Ressurreição. A fé tem que ser madura, isto é, viva.
Uma nota: a palavra “dobrado”, nós a conhecemos. Há uma tradução (que não posso provar), de murcho, como um invólucro que se esvaziou sem ser aberto. Mostra que o corpo ressuscitado não está sujeito à matéria. Há também uma explicação sobre um lenço dobrado que tem um significado nos banquetes do tempo. Não aprecio esta interpretação.
Homilia do Domingo de Páscoa (08.04.2012)
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