A revelação que Jesus fez sobre seu Pai, contrastava com os terríveis deuses pagãos que chegavam a exigir sacrifícios de crianças. Era bem diferente da compreensão de Deus que o povo teve no Antigo Testamento (Dt 5,9). É também diferente de muitos modos de educar a fé do povo. Deus castiga, foi o refrão. Deus fica sendo o ‘estraga’ prazer. Há muita gente que não crê em Deus por uma falsa educação. Esse Deus acabou sendo um ‘estraga prazer’. Mas não é assim o Pai que Jesus revela. O que Deus colocou em nós como satisfação humana é muito bom, agradável, proveitoso e ótimo para construir o paraíso na terra e conquistar o Paraíso do Céu. Se soubéssemos usar toda a alegria que aí colocou, seríamos muito mais felizes. Deus nos quer felizes. É um Pai que se sacrificou mandando seu Filho para nos dar a alegria completa. Ao refletirmos sobre as tentações de Jesus, vemos que elas resumem tudo o que significa a tentação. Ali estão também os caminhos da satisfação. Encontrar prazer nas coisas é mau? Não! Jesus não coíbe o prazer, mas orienta o uso. Não satisfação pela satisfação, mas prazer para a vida. São três realidades: os bens materiais, o poder e o prazer da carne. Tudo é bom, mas nem tudo edifica, diz Paulo (1Cor 10,23). As riquezas, os bens materiais, o pão fazem parte da vida. O que Deus quer é que tenhamos o pão de cada dia, como rezamos, mas que não vivamos para o pão. É para usufruir ao máximo, partilhando com os outros. Tudo é questão do equilíbrio. A ganância pelos bens, que leva à exploração, não está no plano de Deus. Podemos querer ter sempre mais, mas com o respeito ao direito do outro. É sabido que a mesquinhez produz menos bens que a multiplicação que o amor oferece. Jesus fala de ter a sabedoria de usar os bens terrenos para possuir os celestes (Lc 16,9). Jesus não condena os bens, mas ensina a orientar seu uso pela Palavra (Mt 4,4). Lembremo-nos da multiplicação dos pães. Se o menino negasse seus pãezinhos, ficaria com seus 7 pães, e centenas estariam com fome. Ele partilhou.
Maior é aquele que serve
Outro bem colocado em nós é a capacidade de poder, de força, de comando, de grandeza pessoal. Nós crescemos como sabedoria, personalidade, qualidades, liderança. Lutamos para dar rumo a nossa vida e à vida do mundo. Queremos mandar e ter poder. Sempre houve autoridade quando as pessoas se ajuntam. Deus fez isso. O problema é que as pessoas querem, pelo orgulho, ser donos do destino dos outros, usar o poder em proveito de si, praticar a violência, impor a própria vontade, praticar a megalomania, querer viver de milagres e praticar o culto da própria personalidade. Jesus é simples: para ser grande, é preciso usar o poder de servir (Mt 20,28).Sua própria vida, Ele a colocou como serviço e aí se faz Senhor (Jo 13,13-16). O maior culto pessoal será colocarmo-nos a serviço.
Alegrai-vos sempre no Senhor
“Todos os bens da terra te darei, se prostrado me adorares” (Mt 4,9). Não são os prazeres do mundo que são o problema, mas a adoração, isto é, viver para isso. Maior prazer terá, quem usar o prazer em sua forma completa, aquela que participa da alegria de Deus: “Entra na alegria do teu Senhor!” (Mt 25,21). Deus não estraga prazer, mas convida ao prazer completo, de corpo e alma. O prazer do corpo passa. Mas quando fruído de corpo e alma, produz a completa realização da pessoa. E se torna em uma fonte de prazer para todos. O prazer da carne, quando vivido em Deus, nos faz mais maduros, completos e capazes de dar vida para os outros. Quando vividos no egoísmo, gera a morte.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM JANEIRO DE 2010
Nenhum comentário:
Postar um comentário