sexta-feira, 2 de junho de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “Maternidade de Maria”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Deram-lhe o nome de Jesus
 
Celebramos, no dia primeiro do ano, a Maternidade divina de Maria. Iniciamos ano de 2010 sob o olhar da Mãe de Deus. Contemplamos a cena dos pastores que visitam o presépio, o lugar onde estava o Menino. “Ali encontraram Maria, José e o recém-nascido deitado num cocho” (Lc 2,16). Estavam maravilhados. O evangelho continua: “Quando se completaram os oito dias para a circuncisão do menino, deram-lhe o nome de Jesus, como fora chamado pelo Anjo, antes de ser concebido” (21). A circuncisão é o momento em que o menino entra para o povo de Deus. É herdeiro das promessas. O sangue da pequena intervenção, une-se ao sangue da aliança de Deus com seu povo. Pode assim prestar culto a Deus. Para Jesus é o momento em que recebe uma investidura em seu ministério de salvador do povo, pois seu nome indica a salvação dada por Deus como dissera o Anjo: “E o chamarás com o nome de Jesus” (Jesus = Jeshuá-jah) (Lc 1,31). Seu nome significa o Senhor é salvação. “Nascido de uma mulher” (Gl 4,4) Escreve Paulo. Por que era necessário que Jesus nascesse de uma mulher? Quem dá a raça, na tradição do povo judeu, é a mãe. Filho de hebréia é hebreu. Nasceu sob a lei. Deus se encarnou na condição de povo para resgatar o povo. Celebrando o Filho celebramos a Mãe que no-lo deu. Maria não criou Deus, mas o Filho que ela gerou é Deus, por isso, Mãe de Deus. Se afirmamos que não pode ser chamada Mãe de Deus e que ela é Mãe só da humanidade negamos que Jesus fosse Deus. Isso foi condenado no concílio de Éfeso iniciado no dia 7 de junho de 431. A humanidade e a divindade em uma só pessoa é nossa fé. A Igreja não declarou a Maternidade divina, mas reconheceu proclamando sua fé em Jesus Cristo, Homem-Deus. 
Adoção filial 
Nesta celebração de começo de ano temos mais um pensamento que nos anima: Jesus, fazendo-nos irmãos, faz-nos filhos de Deus, dando-nos o Espírito que nos coloca em relacionamento filial com o Pai. Por isso, como Jesus, podemos dizer: Abbá, que quer dizer papai querido. Cria-se um novo modo de viver com o Deus do Antigo Testamento que vingava até a 4ª geração (Ex 5,20), para viver no colo do paizinho amoroso. A fé cristã se funda nessa revelação que Jesus faz de seu Pai. Ele tem um amor afetuoso para com seu Pai e o demonstrou em todas as suas atitudes. Quando esteve no mais profundo do abandono, soube jogar-se obediente nos braços deste Pai colocando n’Ele sua última esperança: Pai, nas vossas mãos entrego meu espírito” (Lc 23,46). Maria demonstra esse mesmo afeto quando diz: “Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo tua palavra” (Lc 1,38). Acolhendo o que Deus lhe oferecia, torna-se Mãe do Filho de Deus e Mãe de todos os filhos de Deus.
Que o Senhor o abençoe! 
Iniciamos o ano com a segurança da bênção de Deus. Moisés manda que os sacerdotes abençoem o povo, invocando sobre eles a face de Deus. Dizemos que o primeiro dia do ano é dia da paz universal. A bênção de Moisés diz: o “Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz!” (Ex 6,26). A paz aqui invocada é o conjunto de todos os bens, tanto espirituais como materiais, possível a uma pessoa. É o Shalom de Deus. Nesta bênção está também o dom da contemplação, como fazia Maria, meditando os fatos no coração. Jesus é a bênção do povo. Amemos muito a Jesus neste ano. Ele é nossa paz (Ef 2,14). 
Leituras: Números 6,22-27;Salmo 66; 
Gálatas 4,4-7; Lucas 2,16-21 
1. Celebramos no dia primeiro de Janeiro a festa da Maternidade Divina de Maria. Iniciamos o ano sob o olhar de Maria. Temos duas reflexões: o nome dado ao Menino – Jesus que significa, O Senhor é salvação, mostrando já sua missão e o rito da circuncisão pelo qual o homem entra no povo de Deus. O sangue do menino une-se ao sangue da aliança. Jesus nasce de uma mulher, pois é ela quem dá a raça hebraica ao filho. Maria não criou Deus, mas o Filho que gerou é Deus, por isso, Mãe de Deus. Se não afirmarmos isso, afirmamos que Jesus não é Deus. 
2. Na celebração ouvirmos, que Jesus nos faz irmãos e por isso, filhos do Pai. Ele nos ensina a tratar Deus de um modo novo, com afeto, chamando-O de Abbá, paizinho querido. Jesus o demonstrou até o último momento quando diz: “Em vossas mãos entrego meu espírito”. Maria se joga nos braços do Pai: “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo tua palavra”. Acolhendo Jesus, acolhe a todos nós como filhos. 
3. É o dia da bênção. Moisés manda abençoar o povo, mostrando a face de Deus. É o dia da paz universal. A paz evoca a plenitude de todos os bens. A bênção é também contemplação como fazia Maria, meditando os fatos no coração. Jesus é a bênção do povo. Ele é nossa paz. 
Bênça, Mãe! 
Quando pequenos, aprendíamos a pedir bênção aos pais. Os costumes mudam, mas não perdemos a oportunidade de encontrar na liturgia do primeiro dia do ano, um grande pedido de bênção à Mãe de Deus e nossa, para viver bem o novo ano que se inicia. A bênção que Moisés ensina aos sacerdotes darem ao povo é um pedido a Deus que Deus sempre nos mostre seu rosto, isto em sua bondade e seu amor. Paulo nos escreve que a grande bênção que Deus nos deu foi seu Filho, nascido de uma mulher. Jesus não é filho de uma chocadeira. Tem uma Mãe. Por ele podemos chamar seu Pai de Abbá, paizinho e, sem forçar, sua Mãe de nossa mãezinha. O que Jesus tinha, Ele nos deu, inclusive sua Mãe. Ela continua a missão de mostrar Jesus, como mostrou aos pastores. Maria nos faz ver também como se vive o mistério de Deus: “Ela guardava todas esses fatos, meditava sobre eles em seu coração” (Lc 2,19). O dogma da Maternidade Divina (Mãe de Deus) está em ensinar que aquele Jesus Homem é o Filho eterno do Pai, a segunda pessoa da Santíssima Trindade. Ele é Deus. Por isso temos que chamar Maria, a mãe de Jesus, de Mãe de Deus. Feliz Ano Novo com Maria, desde o primeiro dia e até o último. 
Homilia da Sol. da Mãe de Deus (01.01.2010)

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