São Filippo Smaldone, filho da Itália meridional, soube conciliar na sua vida as melhores virtudes próprias da sua terra. Sacerdote de coração grande, alimentado pela oração constante e pela adoração eucarística, foi, sobretudo, testemunha e servo da caridade, que manifestava de modo eminente no serviço aos pobres, em particular aos surdos-mudos, aos quais se dedicou totalmente. A obra que ele iniciou continua graças à Congregação das Irmãs Salesianas dos Sagrados Corações por ele fundada, e que está difundida em diversas partes da Itália e do mundo.
São Filippo Smaldone via refletida nos surdos-mudos a imagem de Jesus e costumava repetir que, assim como nos prostramos diante do Santíssimo Sacramento, também é preciso ajoelhar-nos diante de um surdo-mudo. Aceitemos do seu exemplo o convite para considerar sempre indissolúveis o amor à Eucaristia e o amor ao próximo. Aliás, só podemos obter a verdadeira capacidade de amar os irmãos no encontro com o Senhor no sacramento da Eucaristia.
Papa Bento XVI – Homilia de Canonização
Nasceu em Nápoles (Itália) a 27 de Julho de 1848. Quando tinha 12 anos, a monarquia, à qual a sua família era muito ligada, sofreu a queda política, e a Igreja, com a conquista de Garibaldi, conheceu momentos dramáticos com o exílio do Cardeal Sisto Riario Sforza.
Certamente não eram tempos favoráveis e promissores, especialmente para a juventude, que sofria as mudanças do novo período social, político e religioso.
Desde muito jovem sonhava em tornar-se Sacerdote, para isso, estudava muito, ajudava os pobres, visitava doentes em hospitais, ajudava às crianças a conhecerem Jesus.Tornou-se Sacerdote no dia 23 de setembro de 1871. Em toda sua vida ele praticou a caridade e o amor ao próximo. Padre Filippo rezava muito para entender o que Deus queria dele. Então, em uma tarde, na Igreja de Santa Catarina, em Napoli, ele ensinava o catecismo às crianças quando ouviu-se gritar uma criança e a mãe que chorava, padre Filippo aproximou-se para acalmar a criança mas, a mãe gritou: "meu filho é surdo!" e saiu.
Enquanto estudava filosofia e teologia, quis deixar uma marca de serviço caritativo na sua carreira eclesiástica ao dedicar-se à assistência de uma categoria de sujeitos marginalizados, muito numerosa e abandonada nessa época: os surdos.
Padre Filippo entendeu que o Senhor lhe pedia para dedicar-se às crianças surdas, e então, começou a ajudar os surdos de sua cidade e cidades vizinhas.
Foi ordenado Sacerdote no dia 23 de Setembro de 1871. Iniciou um fervoroso ministério sacerdotal como catequista, colaborador zelante em várias paróquias e visitante assíduo de doentes. A sua caridade alcançou o auge da generosidade e do heroísmo por ocasião de uma forte peste difundida em Nápoles, pela qual também ele foi atingido, arriscando a vida, mas tendo sido curado por Nossa Senhora de Pompeia, que se tornou a sua devoção predileta por toda a vida.
Contudo, o cuidado pastoral privilegiado pelo Padre Filippo Smaldone era pelos surdos pobres, aos quais dedicou as suas energias com critérios mais idôneos e convenientes do que aqueles aplicados no sector educativo da época. No dia 25 de Março de 1885 partiu para Lecce a fim de abrir, junto com o Padre Lorenzo Apicella, um instituto para surdos. Acompanharam o Sacerdote algumas religiosas que ele formara precedentemente, e desse modo, criou-se uma base para a fundação da Congregação das Irmãs Salesianas dos Sagrados Corações, que foi muito apoiada pelos bispos de Lecce D. Salvatore Luigi dei Conti Zola e Dom Gennaro Trama tendo, por consequência, uma rápida e sólida expansão.
Por quase quarenta anos o Padre Filippo Smaldone prodigalizou-se, sem nunca esmorecer, para apoiar materialmente e educar moralmente os seus queridos surdos, os quais amava com afeto e cuidado de pai; e para conformar à vida religiosa perfeita as suas Irmãs Salesianas dos Sagrados Corações.
Faleceu santamente no dia 4 de Junho de 1923, em Lecce, suportando com admirável serenidade uma complicada doença, rodeado pelo afeto das suas Irmãs e dos surdos.
Foi beatificado por João Paulo II em 12 de Maio de 1996 e canonizado pelo Papa João Paulo II em 15 de outubro de 2006.
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