segunda-feira, 27 de junho de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “Felizes vós!”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
SACERDOTE REDENTORISTA
NA PAZ DO SENHOR
Ser santo, um caminho batido
 
No Antigo Testamento, santidade se identificava com o próprio Deus. Santo significa separado. Em Jesus ela se manifesta e se torna acessível a todos. Ele convida todos à santidade. Paulo insiste: “Essa é vossa vocação: A vossa santificação” (1Ts, 4,3). É um caminho batido acessível a todos. Tantos já passaram por essa estrada, seguindo os passos de Jesus. Respondem, assim, ao sermão da montanha no qual Jesus dá a receita dessa santidade. Não diz o que devemos ser, mas diz o que somos: “Felizes porque pobres de espírito”. A santidade do povo de Deus está em sentido inverso do que o mundo pensa. Isso nós poderemos ver nas bem-aventuranças de Lucas, quando diz: “Felizes vós os pobres, porque vosso é o reino de Deus. Mas ai de vós ricos porque já obtivestes a recompensa” (Lc 6,20.24). Quem são esses que Jesus enumera como bem-aventurados? São os pobres de espírito, os mansos, os que choram, os famintos, os que têm fome e sede de justiça, os puros de coração, os pacíficos, os perseguidos por causa da justiça, os amaldiçoados e caluniados por causa do Reino. São aqueles que encontramos todos os dias em nossas estradas. São aqueles que não tem voz nem vez, que não entram na conta. Certamente encontraremos as exceções, aqueles que fazem a escolha de Deus. Os destinatários das palavras de Jesus trazem em si as marcas do Filho sofredor que serviu ao Pai em obediência até o extremo da morte. São os que apostam no impossível: “ser perfeito como o Pai é perfeito”. “Esses são aqueles que vieram da grande tribulação e lavaram suas vestes no sangue do Cordeiro” (Ap 7,14). Participam do Mistério Pascal de Cristo. Ser santo é um caminho batido para quem coloca no Senhor sua esperança. 
Santos à moda da casa 
João relata em sua visão que “viu uma multidão imensa de gente de todas as nações, tribos, povos e línguas que ninguém podia contar. Estavam de pé diante do trono e do Cordeiro” (Ap 7,9). Entendemos assim as palavras de Jesus: “Na casa do Pai há muitas moradas” (Jo 14,2). No Céu há lugar para todo mundo. Todos são chamados e todos podem responder, cada uma seu modo. A santidade não tem modelo fixo. “Todos podem ser santos escreve S.Afonso. Cada um em seu próprio estado de vida”. Não existe um lugar melhor do que o outro. Não existe idade, pois as crianças, os velhos e também os especiais, os abortados (são mártires), os distantes da Igreja também podem ser santos. Ninguém pode julgar ninguém ou excluir ninguém. Não existe igreja só de santos, mas de santos e pecadores. Só Deus sabe o que há de bom no coração de cada um. Onde há um pingo de amor, aí está Deus como amor total. Quem ama cumpre toda a lei (Rm 13.10; Gl 5,14). 
Pastoral da santidade 
A Igreja proclama a vocação de todas as pessoas: viver em Deus como suprema alegria. Paulo escreve que tudo converge para Cristo (Ef 1,10). Pelo Espírito que nos foi dado, nos encaminha. Por isso a Igreja prega sempre a vocação universal de todos à santidade que é a felicidade em Deus. Deus chama sempre. Ele diz, no Apocalipse, à esposa: Vem! (Ap 22,17). Chama ao convívio. Infelizmente santidade não é um assunto comum em nossas pregações ou preocupação das pessoas e das comunidades. Pastoral da santidade é propor a santidade, apresentar os meios e fortalecer com iniciativas condizentes com essa santidade. “Sede perfeitos como perfeito é vosso Pai celeste” (Mt 5,48). A Igreja, continuando a missão de Jesus, deve dizer: sede santos, como queremos ser santos. 
Leituras: 
Apocalipse 7,2-4.9-14; Salmo 23; 
1 João 3,1-3; Mateus 5,1-12. 
1. No Antigo Testamento, santidade se identificava com o próprio Deus. Santo significa separado. Em Jesus ela se manifesta e se torna acessível a todos. A vocação à santidade é universal, como escreve Paulo: “Essa é vossa vocação: a santificação”. É um caminho para todos. Jesus o demonstra ao mostrar, pelas bem-aventuranças, as condições para essa felicidade. Esse caminho é contrário ao que pensa o mundo. Eles lavaram suas vestes no sangue do Cordeiro. Participam do Mistério Pascal de Cristo. 2. João escreveu que viu uma grande multidão vinda de todos os povos, raças, línguas e nações. Jesus diz que na casa do Pai há muitas moradas. Há lugar para todo mundo. S. Afonso afirma que essa santidade é vivida por cada um de acordo com seu estado de vida e sua situação pessoal. Ninguém pode julgar ou excluir ninguém. Onde há amor, existe Deus. 3. A Igreja proclama a vocação universal à santidade. Esse assunto deve ser tratado em nossas homilias e nas estruturas de Igreja. Pastoral da santidade é propor a santidade e apresentar os meios.
Vazando santo pelo ladrão! 
O Céu está cheio. S. João conta que havia uma multidão que ninguém podia contar. Afinal, o Pai gosta de ver a casa cheia com seus filhos. “Vede que grande presente de amor o Pai nos deu: de sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos!” (1Jo 3,1). Jesus nos deu a cartilha para ser um bom filho e um dia ir para o Céu: Felizes os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus. Felizes os misericordiosos, os aflitos, os mansos, os que têm fome e sede de justiça, os puros, os pacíficos, os perseguidos pela justiça. Aprendi a ser santo! Eu vou rezar por vocês. 
Homilia de Todos os Santos
EM NOVEMBRO DE 2006

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