segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

REFLETINDO A PALAVRA - “Misericórdia sempre”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
50 ANOS CONSAGRADO
2124. Força da misericórdia
             “Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia(Mt 5,7). Deus mesmo se define como “Deus compassivo e misericordioso, lento para a cólera, rico em bondade e em fidelidade” (Ex 34,6). Isso é uma visão do Antigo Testamento que Jesus renova excluindo a vingança. Ele mesmo mostra essa misericórdia do Pai. Só não suportava o orgulho e a prepotência dos fariseus e mestres da lei. Tudo que Deus fez e faz por nós é obra de sua misericórdia. Essa palavra tem a ver com todos os bons sentimentos do coração. E traz em si a palavra latina miseratio (compaixão) e cordia (corações). A intensidade de amor da palavra misericórdia é uma revelação do próprio ser de Deus do qual Jesus participa com intensidade. Podemos observar que a Igreja e a sociedade não têm muito afeto por essa verdade. Sempre é a lei que decide tudo. A norma, as letras etc... valem mais. Continuando a reflexão sobre a santidade segundo o Papa Francisco, nos debruçamos agora sobre a bem-aventurança da misericórdia: “A misericórdia tem dois rostos: dar, ajudar, servir os outros, mas também perdoar e compreender. Mateus resume-o numa regra de ouro: “O que quiserdes que vos façam os homens, fazei-o também a eles” (Mt 7, 12). O Papa se fundamenta para o valor moral: “O Catecismo lembra-nos que esta lei se deve aplicar  “a todos os casos”, especialmente quando alguém “se vê confrontado com situações que tornam o juízo moral menos seguro e a decisão difícil” (GE 80). Misericórdia não é concordar com o mal, mas sair dele, tentando sepultá-lo. Jesus se torna o “remédio”, a lei e o conforto.
2125. Buscai a semelhança com Deus
            O dom de perdoar e dar vida são próprios de Deus. Quando perdoamos, quando geramos vida, temos a participação Dele. Assim afirma o Papa: “Dar e perdoar é tentar reproduzir na nossa vida um pequeno reflexo da perfeição de Deus, que dá e perdoa super-abundantemente” (GE 81). Como a medida da misericórdia é sempre Deus, podemos ter certeza que nunca esgotaremos. Jesus manda: “sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados. Dai e ser-vos-á dado” (Mt 6,36-38). Nós é que damos a Deus a medida que use para conosco queremos que use conosco para conosco. As graças que nos vem, são as graças que somos. Somos severos com os outros, mas não queremos que sejam severos conosco.. Firmeza contra o mal não significa sermos duros e mal-educados com os outros: “A medida que usardes com os outros será usada convosco” (Mt 6,38). Por outro lado, o bem que fizermos sempre volta para nós. Pode ir devagar, mas volta voando. Tive a experiência quando vivi na Angola (África): Tudo que a gente dava aos necessitados retornava imediatamente em uma generosa oferta para nós. Impressionante.
2126. Misericórdia que promove
            Jesus chama felizes aqueles que perdoam e o fazem “setenta vezes sete” (Mt 18,22). “É necessário pensar que todos nós temos uma multidão de perdoados. Todos nós fomos olhados com compaixão Divina. De vez em quando recebemos a chamada: “Não devias também ter piedade do teu companheiro como Eu tive de ti?”(Mt 18,33) (GE 82). Misericórdia não é somente perdoar, acolher, mas também promover para que a pessoa possa ser mais qualificada, mais feliz consigo mesma, contribuindo com seus dons, ter espaço na sociedade e na Igreja. Isso não pode ser dirigido só aos de minha Igreja, mas a todos, pois todos são filhos de Deus e todos são irmãos. Nesse momento de tanta violência, sabemos que a misericórdia é mais que solução. Olhar e agir com misericórdia: isto é santidade.
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