O Evangelho desse domingo é uma aula sobre a pastoral prática aos
apóstolos. É um bom ensinamento para todos que seguem Jesus, principalmente
aqueles que dirigem o povo de Deus, seja no ministério, seja nas demais
atividades religiosas e civis. Pastores são todos os que estão unidos a Jesus.
Jesus, bom pastor de seu pequeno grupo de apóstolos, leva-os a estar a sós com
Ele e ouve deles as peripécias de sua “missão”. Ensina assim que é preciso
estar com Ele. Estar com Ele era o desejo de todos. Nosso verdadeiro descanso
não é tanto a distância do povo, mas ter o coração de Jesus que ama o povo. “Ao
ver a multidão, teve compaixão porque eram como ovelhas sem pastor. E começou a
ensinar-lhes muitas coisas” (Mc 6,34). Esta é a radiografia do coração de Jesus que sabia
compadecer-se do sofrimento e da sede de Deus que o povo tinha e saciava-se ao
ouvi-Lo. Seu interesse era o bem do povo. É esse Jesus que deve ser nosso
modelo. Sua atitude de permanente entrega de vida O acompanha até a Cruz e
continua ainda na glória do Pai a ser nosso “intercessor” (Hb 7,25). No discurso
sobre o Bom Pastor acentua que “O bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas” (Jo 10,11). O profeta Jeremias
relata como eram os pastores e como estavam distantes do projeto de Deus. Quem
eram os pastores? Eram os reis, os sacerdotes e os sábios profetas da falsidade
(Frederici A 427).
Esses pastores deixaram o povo perder-se e dispersar-se pelo exílio. Não cuidavam
do rebanho. Diz Deus: “Eis que irei verificar isso entre vós e castigar a
malícia de vossas ações” (Jr
23,1-2). Quem são os pastores de hoje? Tanto os da Igreja Católica, como
os pastores das outras igrejas, os pastores da política, os pastores da economia,
das ciências e tantos mais, zelam pelos próprios interesses.
Destruir o muro de separação
Jesus ensina como cuidar do povo sofrido. Ele dá a
vida. Ele veio romper a barreira que existia entre os necessitados e os
pastores. Paulo disse que “Cristo é nossa paz. Do que era dividido, Ele fez uma
unidade. Em sua carne destruiu o muro de separação, estabelecendo a paz” (Ef 2,14). Referia-se
à separação de judeus e pagãos. Em Cristo realizou-se a união. Agora temos que
descobrir os muros que nos separam dos necessitados os quais Jesus cuidava. Há
muitos muros que deixam o povo sem acesso às coisas básicas para a vida, a
cultura e o bem estar. As condições da população são calamitosas. E ainda
vivemos num paraíso. Pensemos ainda em tantos povos que vivem em condições subumanas.
É momento de os pastores da Igreja desconstruírem os muros que isolam o povo dos
bens básicos e mesmo os bens espirituais. O povo é o mesmo que corria atrás de
Jesus e Ele, sentia compaixão dele. E o socorria com a palavra e os milagres.
Não basta salvar as estruturas e deixar os necessitados sem acesso. Jesus era
compaixão.
Solidários
para a compaixão
Não
ver o sofrimento do povo já é fruto de um coração que não conhece Jesus.
Preferimos um Jesus que nos fale outra linguagem, ou selecionamos o que nos
interessa. Para Jesus, a vontade do Pai era que se buscasse a ovelha perdida (Jo 6,39). A compaixão
de Jesus para com os necessitados não é somente um sentimento a imitar, mas um
modelo de Igreja a se instaurar. Já é tempo de parar com a atitude de cuidar de
quem já está bem, mas organizar a comunidade para que, unida na experiência de
Jesus, busque os necessitados. Jesus continua em nós sua missão de manifestar a
misericórdia e a compaixão.
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