A
Quaresma tomou cores diferentes no correr dos séculos. Cada tempo deu sua
contribuição. Logicamente podemos dar também a nossa. Por exemplo: A Igreja do
Brasil instituiu a Campanha da Fraternidade e com as reflexões em grupos de rua
e de setores. É um modo diferente de viver a Quaresma, com uma temática que
leva a pensar e a resolver problemas que vivemos. Ela surge a partir da
preparação do Batismo que se realizava na noite de Páscoa. Os catecúmenos que seriam batizados faziam o
jejum no Sábado Santo. Esse jejum passou a ser acompanhado pelos fiéis da
comunidade. Ele se estendeu para Sexta-Feira Santa, depois para a semana toda e
por fim aos 40 dias. A Quaresma nasce a partir da celebração da Vigília Pascal
que era o momento da solene celebração do Batismo. Primeiro ela tem um caráter comunitário. Vive-se a preparação
da Páscoa em comunidade. Todos estão voltados para o importante que é o Mistério
Pascal de Cristo, que salvou a todos em sua Morte e Ressurreição. O Batismo é o
sacramento inicial para vida em Cristo e na comunidade. Por ele recebemos a
redenção e a vida nova. Entramos na comunidade dos filhos de Deus, irmãos de
Jesus e irmãos uns dos outros. Por isso, a espiritualidade quaresmal deve levar
a vivenciar esses aspectos: Vida em Cristo, Filho de Deus e vida com os irmãos.
Todas as celebrações se voltam para a temática da Páscoa que acontece em cada
um. A renovação das promessas do Batismo é expressão do desejo de aprofundar o
dom que recebemos. O que se faz na Quaresma pode ser bom, mas não sem o
Batismo.
2009.
Tempo de conversão
A
chamada que percorre toda a Quaresma é a conversão. Para haver uma opção por
Cristo no Batismo e na vida cotidiana, é preciso ouvir as palavras de Jesus: “O
tempo se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no
Evangelho” (Mc 1,15).
Havia muitas tradições que eram vividas na Quaresma, como as penitências, o
jejum, as longas orações. Tudo bom. Essas tradições caíram e não se procurou a
renovação a partir da conversão. Quando ouvimos o mandamento só a Deus
adorarás, nós nos esquecemos da multidão de deuses falsos que nos cercam e aos
quais prestamos cultos idolátricos. Só se fala que se adoram imagens. Mas não
se busca derrubar os altares dos deuses falsos da ganância do ter, da riqueza e
dos bens materiais; não se destrói o altar do deus da vaidade, do orgulho e da
prepotência. Desses as igrejas estão cheias; não se queimam os altares dos
deuses do prazer que consomem nossas melhores energias. Vejamos que um dos
evangelhos lidos nesses tempos é a purificação que Jesus faz no templo de
Jerusalém e nos ensina a fazer em nossas vidas e em nossos templos. Não adianta
fazer tantas penitências se não fazemos a verdadeira que é a conversão.
2010.
Tempo de alegria
A salvação se aproxima! Deus vem ao
nosso encontro. Quando falamos de fim dos tempos, a impressão que é o momento
do medo. Pelo contrário. É o momento da alegria, pois Ele vem nos buscar para
estar com Ele. A Páscoa é momento da alegria. Na celebração há o momento de se
cantar solenemente o Aleluia. É o grito de libertação que Cristo nos mereceu.
Certamente que a Quaresma nos chama a puxar os fios da dissipação. É momento de
reflexão, não de tristeza. Vamos nos concentrar no essencial que é o Mistério
Pascal de Cristo que vivemos. Seriedade não quer dizer cara fechada. É espaço
da verdade que nos sustenta e por isso nos deixa livres para acolher o Senhor.
A Páscoa nos atrai e nos estimula a uma vida sempre renovada.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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