quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

REFLETINDO A PALAVRA - “Mestres porque discípulos”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA-50 ANOS CONSAGRADO
No colo do Pai
            A prova dos nove de nossa fé e de nosso conhecimento religioso não está em nossos diplomas, mas no desejo que temos de levar aos outros o que sabemos e vivemos. Assim fizeram os primeiros discípulos que encontraram Jesus. Foram logo dizer aos outros. Os dois discípulos passaram o dia com Jesus e Andre foi dizer a seu irmão Simão Pedro: “‘Encontramos o Messias’. E o conduziu a Jesus” (Jo 1,40-42). Quem não se lembra de sua catequista da primeira comunhão? Que dedicação! Hoje, com maiores exigência, há um empenho muito grande em aprofundar a catequese, dedicar mais tempo, ter novos métodos e novas esperanças. Os documentos da Igreja insistem constantemente na formação do povo de Deus. Catequese não se limita unicamente a aulas de catecismo, mas ela está presente em todas as atividades da Igreja. As igrejas antigas com sua arquitetura, vitrais, esculturas, mosaicos e afrescos eram um catecismo. Muitas de nossas ideias provêm desta catequese vinda de longínquos tempos. Jean Delumeau, historiador, diz que as mães ensinavam catecismo para os filhos na ponta dos dedos, dizendo: ‘olha lá filhinho, aquela é a Mãe do Céu’. Ainda se faz assim com os pequeninos. O catecismo começa no ventre materno. Se maldades podem influenciar as crianças, quanto mais influenciará o que é bom, como a palavra boa, a atitude amorosa e a oração sobre o filhinho. A primeira catequese é o colo do Pai do Céu. Celebrando missa de crianças, perguntei, no dia do batismo do Batismo do Senhor, qual era a missão de Jesus. Uma menininha de 5 anos se levantou e disse: “Ele veio mostrar o carinho do Pai”. É noção básica da catequese: sentir-se no colo do Pai. Atualmente há crianças que vêm para a catequese sem saber o mínimo de religião. Não sabem rezar nada, não participam da liturgia nem antes nem durante nem depois da catequese. Faltou o colo do Pai. É um grande prejuízo para a sociedade, pois não aprenderão a ser irmãos, pois não se sentem filhos.
Muitos mestres
            Aprendi que, quanto mais sábio se é, mais se tem o prazer de aprender. Ninguém se considere completo, pois é sabedoria sempre ser discípulo e aprendizes. A sede de Deus é já um modo de ser saciado. Buscar aprender já é um dom. A abertura para o espiritual, sem nenhum desprezo da ciência humana, é sinal de sabedoria. Temos grandes pensadores que excluem o aspecto religioso, quando não usam sua capacidade para destruir o coração dos jovens. Quanto bem poderiam fazer! Não precisa ser sectário, mas sagitário: tocar os corações para que possam crescer por inteiro, não somente uma parte. O ser humano não pode ser manco apoiando-se só no humano que passa. A sabedoria é estar aberto a sempre aprender. Há muitos mestres. Diz o profeta: “Ele me desperta para que eu ouça como discípulo” (Is 50,4). O verdadeiro mestre é o que sabe aprender do discípulo.
Ensinar porque sabe
            O verdadeiro discípulo não supera o mestre. Basta ser como o mestre (Mt 10,24-25). A convivência com Jesus na fé faz de cada um mestre com Ele. “Quem vos ouve, a mim ouve” (Lc 10,16). Uma vez que aprendemos a Palavra viva, aprendemos também as palavras que Ele nos transmitiu. Assim nascem os catequistas. Todo aquele que conhece o Senhor, tudo faz para que Ele seja conhecido e amado. Esta é a prova que o conhecemos e vivemos com Ele. A necessidade de ensinar não é uma opção pastoral, mas é uma resposta à grata experiência que temos de estar com Ele. Se faltam catequistas é porque há poucos cristãos.
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