PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA-50 ANOS CONSAGRADO |
“Transfiguração de Cristo e do cristão”
Aliança
no sangue do Filho
No início da Quaresma entramos em clima de
reflexão a partir da triste realidade da tentação e da necessidade de conversão
permanente. Quaresma não tem um sentido em si, mas na meta que a justifica: a
Páscoa do Senhor! O primeiro e o segundo domingo da Quaresma são uma meditação
sobre a vida cristã. O pecado não é o fim. Jesus o venceu. A transfiguração de
Jesus é a meta de todos que, resgatados por Ele, são transfigurados pela graça
da salvação, como o foi em sua morte e ressurreição. A meditação sobre o pecado, sobre a tentação e
o sobre sofrimento de Jesus deve provocar-nos uma conversão para chegarmos
renovados à Ressurreição do Senhor. Deus faz aliança com Abraão depois
de exigir uma obediência total: o sacrifício de seu filho Isaac a quem tanto
amava. Deus acolheu sua obediência, mesmo sem ter chegado ao extremo da prova.
O Filho amado de Deus, contudo, foi ao extremo, sendo sacrificado. Isaac
carrega a lenha, Jesus carrega a cruz. Isaac não recusa ser morto; o Filho,
mesmo sofrendo faz a vontade do Pai. A aliança do homem com Deus está no
acolhimento de sua vontade que é expressa nas palavras do Filho amado.
Garantimos nossa aliança com Deus em Cristo quando vivemos seu Evangelho. A
ordem do Pai é que ouçamos o que diz o Filho (Mc 9,7). A promessa de Deus a Abraão é a
descendência. O Pai dá ao Filho, não uma descendência, mas a Ressurreição que
faz todos irmãos. A transfiguração de Jesus nos mostra onde vamos chegar. A
graça nos transfigura em nossas atitudes. Transparecemos através de nossas
obras.
Ele Se
transfigurou
Antes
de subir o monte Calvário, Jesus sobe o monte Tabor. Isaac sobe o monte com a
lenha; Jesus sobe o Monte Calvário com a cruz às costas; no Monte do Tabor
mostra o brilho da sua Divindade. Essa imagem glorificada explica que a Paixão
chega à Ressurreição dos mortos. Ele é a Divindade que se manifestou. De agora
em diante a Lei e os Profetas, representados por Moisés e Elias, só se entendem
a partir de Jesus. Por isso a nuvem que simboliza a presença de Deus, provoca o
santo temor. A sua transfiguração é uma demonstração aos discípulos e a nós que
preparamos a Páscoa, que nós também seremos transfigurados pela conversão e
pela graça da Ressurreição. Sob esse aspecto temos um caminho muito bonito e
claro para a espiritualidade do cristão: Transfigura-se porque está unido a
Cristo. Espiritualidade não são obras. Essas são resultado. Espiritualidade é
uma transformação interior. Cristo resplandece em nós. Ficamos na parte externa
e não vamos ao centro do mistério de Cristo em nós. A imagem do homem novo vai
se formando em nós ao ouvirmos suas palavras e assumirmos sua vida. Assim
teremos seus sentimentos, sua mentalidade e agiremos guiados pelo seu
mandamento transfigura que dnossa vida: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos
amei” (Jo 15,12).
Este
é meu Filho amado, ouvi-O
Celebrar uma aliança é sempre assumir um contrato.
As palavras de Deus se unem à resposta do homem. Deus promete a Abraão uma
descendência. Ao enviar seu Filho para selar a aliança com seu sangue, propõe
para nós o compromisso de ouvir sua Palavra, pois Ele é a Palavra viva. A Ele
vamos ouvir. Se nos deu o Filho, não nos daria tudo com Ele? Ouvir o Filho é
corresponder à aliança e chegar à transfiguração. Ao iniciar seu ministério
Jesus insiste: “Convertei-vos e crede no Evangelho”. Crer é acolher a aliança
que Deus faz conosco em seu Filho. Assim podemos celebrar a Páscoa com um pão
puro. Celebrar a Páscoa não é contar uma história. É tornar presente um
mistério que dá Vida.
Leituras: Gênesis 22,1-2.9ª.10-13.15-18;Salmo 115;Romanos
8,31b-34;Marcos 9,2-10.
1. A
transfiguração é a meta de todos.
2. Ela
mostra aos discípulos que a morte não é o fim. Há ainda a Ressurreição.
3. Ouvir
o Filho é já iniciar a transfiguração.
Paizão!
O evangelho de hoje mostra dois
retratos de pai. O Pai do Céu entrega seu Filho ao mundo e o mostra glorificado
superando toda dor da Paixão. O pai Abraão, tendo entregado sua vontade a Deus,
cumpre-a na terrível cerimônia de sacrificar seu filho Isaac. Deus aceitou sua
vontade e poupou Isaac. Mas não poupou o seu Filho Jesus e O entregou como
sacrifício. Abraão ganhou um carneiro para substituir o filho. Jesus nos
substitui e Se entrega ao Pai para que todos nós tivéssemos nossa vida entregue
a Deus. A entrega a Deus ouvindo o Filho é nossa transfiguração.
Seremos iguais a Ele porque obedecemos ao Pai. Nessa atitude de acolhimento das
palavras do Filho poderemos realizar nossa transfiguração. Nossa vida será um
retrato vivo de Cristo porque ouvimos sua palavra e fazemos vivo seu mandamento
do amor.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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