Evangelho
segundo S. Mateus 5,43-48.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Ouvistes
que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo’. Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos
perseguem, para serdes filhos do vosso Pai que está nos Céus; pois Ele faz nascer o sol
sobre bons e maus e chover sobre justos e injustos. Se amardes aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem a mesma coisa
os publicanos? E se saudardes apenas os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não o
fazem também os pagãos? Portanto, sede perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Jerónimo (347-420), presbítero, tradutor da Bíblia, doutor da Igreja
Comentário à Epístola aos Gálatas, 3, 6
O amor ao próximo: apoio
mútuo e benevolência; ir beber à fonte da bondade divina
«Portanto, enquanto temos tempo, pratiquemos
o bem para com todos, mas principalmente para com os irmãos na fé» (Gal 6,10).
O tempo presente, o tempo do curso da vida, é o tempo da sementeira. Durante
esta vida, podemos semear o que quisermos. Quando esta vida passar, ser-nos-á
retirado o tempo de agir. É por isso que o Salvador nos diz: «Temos de realizar
as obras daquele que Me enviou enquanto é dia. Vem aí a noite, em que ninguém
pode atuar» (Jo 9,4). Quer estejamos doentes ou de boa saúde, quer sejamos humildes ou poderosos,
pobres ou ricos, famosos ou desprezados, façamos tudo em nome do Senhor, com
paciência e equanimidade; assim se realizará em nós o que diz a Escritura:
«tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus» (Rom 8,28). A própria
cólera, a paixão, os ultrajes recebidos que exigem vingança tornam-se para mim,
se me dominar e me calar por Deus, se em cada picada que fere e sob a pressão dos
vícios pensar em Deus, que me olha do alto, outras tantas ocasiões de triunfo. Quando distribuirmos os nossos dons, não digamos: este é amigo, àquele vou
ignorá-lo; este tem direito de receber, aquele deve ser desprezado. Imitemos o
nosso Pai, que «faz com que o Sol se levante sobre os bons e os maus e faz cair
a chuva sobre os justos e os pecadores» (Mt 5,45). A fonte da bondade está
aberta a todos: escravo e livre, plebeu e rei, rico e pobre, todos bebem dela
da mesma maneira. A lamparina acesa numa casa alumia a todos sem distinção. S. João evangelista, no final da sua vida, quando já não era capaz de exprimir o
seu pensamento num discurso seguido, limitava-se a dizer: «Meus filhinhos,
amai-vos uns aos outros» (cf Jo 13,24). E, quando os seus discípulos lhe
perguntaram porque dizia sempre a mesma coisa, João respondeu com esta frase,
digna dele: «Porque é esse o preceito do Senhor; se o cumprirmos, tanto basta.»
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