Santa Anastásia a Romana não deve ser confundida com a mais conhecida Santa Anastásia de Sirmio comemorada no Martirológio Romano no dia 25 do mesmo mês.
Nossa santa pertence à categoria dos osiomartires, ou seja, as monjas e mártires.
Embora não houvesse mosteiros masculinos e femininos como hoje temos, é verdade que desde o século II havia pequenas comunidades de virgens consagradas a Deus. Elas cuidavam da igreja local, o que é atestado por Santo Atanásio na vida de Santo Antônio, o Grande, e mesmo Santo Inácio de Antioquia (ou pseudo), que na epístola aos filipenses diz: “Saúdo as comunidades das virgens sagradas”.
As virgens consagradas a Deus às vezes viviam em suas casas e reuniam-se para momentos de oração, ou para decidir como suprir as necessidades da Igreja local, especialmente a assistência aos pobres, às viúvas e aos órfãos.
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No livro História das Santas Virgens Romanas, de Antonio Gallonio Romano, padre da Congregação do Oratório, encontramos uma edição italiana de 1500 da Passio desta santa, o que mostra como Santa Anastásia a Romana foi venerada e também conhecida pela Igreja Latina.
Antonio Gallonio relata com uma grande elegância e refinamento espiritual a história da Santa. Eis como ele descreve a entrada dela no mosteiro: Tendo atingido a idade de 20 anos, deixou seus pais e outros parentes e riquezas terrenas, e estimulada por pungentes élans do amor divino, voluntariamente se trancou em um mosteiro no qual foi instruída nas coisas espirituais por uma santa monja chamada Sofia, dando em muito pouco tempo um sinal claro de sua santidade futura.
Segundo outras narrativas, Anastásia havia nascido em Roma, de pais nobres, e, ficando órfã aos três anos de idade, foi levada a um mosteiro de mulheres, próximo a Roma, onde a abadessa era uma monja de nome Sofia, uma mulher de vida espiritual de elevado nível.
Aos dezessete anos a jovem Anastásia, de beleza incomum, já era conhecida pelos cristãos de toda a vizinhança como uma grande asceta, causando admiração aos pagãos.
Probo, administrador pagão da cidade, impressionado com sua beleza, enviou soldados com ordem de trazê-la à sua presença. A boa abadessa Sofia instruiu Anastásia sobre como perseverar na fé e resistir ao engano adulador e à tortura, ao que a jovem lhe disse: “Meu coração está preparado para sofrer por Cristo. Minha alma está pronta para o encontro com meu amado Senhor”.
Comparecendo diante do governador, Anastásia proclamou abertamente sua fé em Cristo, e quando ele tentou dissuadi-la, antes com promessas, depois com ameaças, a santa virgem lhe disse: “Estou pronta oferecer minha vida por meu Senhor, não apenas uma vez, mas mil vezes, se assim me fosse possível”.
Durante o julgamento, Probo a apresentou nua diante de toda a cidade de Roma para humilhá-la, prometendo riquezas à mártir se ela abjurasse a fé em Cristo. Quando a despiram à força para humilhá-la, Anastásia disse ao juiz: “Açoitem-me firam-me e batam-me; só assim, meu corpo desnudo será coberto por feridas e minha vergonha será coberta de sangue”.
Anastásia disse mais: “Ó Probo, o meu bem, a minha riqueza e a minha vida é Cristo e sofrer a morte por seu amor é para mim algo mais precioso do que a própria vida, por esta razão saiba que nem ouro nem prata ou qualquer outra coisa do mundo é para mim alegria. Na verdade, somente Cristo me faz feliz e somente Ele e sua doce companhia são minha verdadeira alegria, da qual, com glória, espero desfrutar eternamente. É por isso que eu não considero tormentos o fogo, as espadas, o ferro, o deslocamento de membros, as feridas, os espancamentos e todas as ferramentas inventadas para atormentar os servos do Senhor, mas eu os considero, no entanto, coisas de grande deleite e prazer, fixando meus olhos apenas nEle e desejando, para mostrar a Ele um sinal do amor que Lhe tenho, não uma, mas mil mortes se fosse possível sofreria por Ele. Portanto não mostre compaixão por minha beleza que logo como uma flor do campo vai murchar, mas começa a fazer tudo o que puder contra mim, pois não vou sacrificar aos seus deuses de pedra e madeira".
Santa Anastásia sofreu vários tormentos, e por duas vezes, sentindo sede, pediu água e Cirilo, um cristão que estava por perto, atendeu seu pedido e lhe trouxe água, pelo que foi abençoado com o martírio, decapitado pelos pagãos. O peito e a língua da santa foram cortados, e um anjo do Senhor apareceu-lhe e a mantinha de pé. Fora da cidade, Anastásia foi finalmente decapitada pela espada.
Seu corpo permaneceu insepulto por alguns dias até que a bem-aventurada Sofia, encontrando mais tarde o seu corpo, providenciou-lhe uma digna sepultura. Houve uma sucessão de milagres no seu túmulo, o que fez crescer a veneração por ela.
Anastásia recebeu assim a coroa do martírio sob o imperador Décio (249-251 d. C.).
O corpo de Santa Anastásia é mantido hoje em uma pequena igreja no mosteiro de Grigoriu no Monte Athos perto do Katolikon (a principal igreja do mosteiro) e é muito venerada por todos os monges e destino de peregrinações de fieis ortodoxos devido aos contínuos milagres e graças que concede sobretudo aos doentes. Novos mosteiros são dedicados a ela na Grécia, o mais famoso é aquele perto da aldeia de Rethimnòs, onde se venera um ícone milagroso e uma relíquia sua, mas seus ícones são encontrados em quase todas as igrejas da Grécia devido ao profundo amor das pessoas por ela.
Fonte: www.santiebeati.it/
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