quarta-feira, 25 de outubro de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Aproximemos-nos do trono da Graça”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
Paixão e Morte como serviço
               Marcos faz uma catequese sobre a autoridade na Igreja, pois sentia que os cristãos queriam adotar o mesmo sistema de autoridade existente na sociedade pagã: mandar significa servir-se. Poder é glória. Jesus apresentou outro modelo: “Sabeis que os chefes das nações as oprimem e os grandes as tiranizam”. Mas acrescenta com clareza: “Entre vós não será assim. Quem quiser ser grande, seja o vosso servo; e quem quiser ser o primeiro seja escravo de todos”. Há uma inversão na compreensão da autoridade e do poder civil e econômico. O Evangelho é eterno, mas esta tentação não perde tempo. O texto do evangelho de hoje narra a pretensão de João e Tiago em ocupar os dois postos mais importantes no reino de Jesus. Estão ainda na dimensão humana do Messias. Jesus propõe o que significa seu Reino: “Podeis beber o cálice que vou beber? Podeis ser batizados com batismo com que vou ser batizado?” (Mc 10,38.40) Jesus que é o Senhor, é envolto pelas ondas da Paixão e Morte da qual participarão também seus discípulos. Seu Reino é um serviço de entrega através da morte: “O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate de muitos” (Mc 10,45). Por sua morte dá vida como escreve Isaias no cântico do Servo de Deus: “Por este sofrimento, alcançará a luz e uma ciência perfeita. Meu servo, o justo fará justos inúmeros homens, carregando sobre si suas culpas” (Is 53,11). A missão de servir confiada aos discípulos será também realizada no sofrimento, mas, como o Mestre, será de vida para quantos dele se aproximarem, como escreve a carta aos Hebreus: “Aproximemo-nos com toda confiança do trono da graça, para conseguirmos misericórdia e alcançarmos a graça de um auxílio no momento oportuno” (Hb 4,16). A redenção não veio sem a cruz, mas garante a ressurreição.
Participação nos sofrimentos de Cristo
               Deus não mandou Jesus só para sofrer, nem quer de nós uma vida de sofrimentos. O sofrimento existe sim, mas não no sentido da dor, mas da entrega de amor, que é dolorosa, mas altamente redentora e gratificante. Participar dos sofrimentos de Cristo é entregar-se com Ele e por Ele na missão de serviço humilde para que todos tenham vida. Esse serviço se multiplica e toma cores diferentes em cada situação. O sacrifício não está na dor, mas no amor de entrega, como o fez Jesus na sua fidelidade ao Pai. A participação dos sofrimentos de Cristo nos configura a Ele de tal modo que Ele continua sua missão de Redentor. O cristão não é somente um seguidor de Jesus, mas uma pessoa que assume a mesma missão a mesma mentalidade, a mesma atitudes e mesmos sentimentos. Participamos desta sua missão de resgate. Somos responsáveis por nossos irmãos. Daqui nasce a força missionária que impele a ir em busca das ovelhas perdidas.
Urgente a catequese aos cristãos
               Os fiéis precisam conhecer o sentido do sofrimento, pois se acredita que a oração consegue de Deus a solução dos problemas e, quem não consegue ser ouvido é porque não merece. Jesus pediu e não foi libertado do sofrimento. Por isso é o redentor. Ser ouvido por Deus é colocar-se a serviço, mesmo no sofrimento. O sofrimento maior é sair de si para se dedicar aos outros. Isso exige muito empenho. A comunidade precisa colocar-se a serviço da evangelização, sobretudo dos simples. O sacrifício justificará a todos. Por isso temos a cena de Jesus lavando os pés dos apóstolos. Sua missão é servir e purificar para que todos participem dele. Comungar na Eucaristia é comungar seu projeto de vida redentora. 

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