Evangelho segundo S. Lucas 12,1-7.
Naquele
tempo, a multidão afluía aos milhares, a ponto de se atropelarem uns aos outros.
E Jesus começou a dizer, em primeiro lugar para os seus discípulos:
«Acautelai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. Não há nada
encoberto que não venha a descobrir-se, nem há nada oculto que não venha a
conhecer-se. Por isso, tudo o que tiverdes dito às escuras será ouvido à luz
do dia e o que tiverdes dito aos ouvidos, nos aposentos interiores, será
proclamado sobre os telhados. Digo-vos a vós, meus amigos: Não temais os que
matam o corpo e depois nada mais podem fazer. Vou mostrar-vos a quem deveis
temer: Temei Aquele que, depois de matar, tem poder para lançar na Geena. Sim,
Eu vos digo, a Esse é que deveis temer. Não se vendem cinco passarinhos por
duas moedas? Contudo, nenhum deles é esquecido diante de Deus. Mais ainda,
até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais. Valeis mais do
que todos os passarinhos».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
Santo Inácio de Loyola (1491-1556),
fundador dos jesuítas
Carta de 17/11/1555
Parece-me que deveríeis decidir-vos a fazer
calmamente o que podeis. Não vos inquieteis com o resto, mas deixai nas mãos da
divina Providência o que não podeis cumprir por vós mesmos. São agradáveis a
Deus a solicitude e o cuidado que, com razoabilidade, pomos nas tarefas que nos
competem, para conseguirmos concretizá-las da melhor maneira. Não Lhe são
agradáveis a ansiedade e a inquietação do espírito: o Senhor quer que os nossos
limites e fraquezas encontrem apoio na sua fortaleza e omnipotência, quer que
tenhamos confiança em que a sua bondade suprirá a imperfeição dos nossos meios.
Os que se ocupam com muitos assuntos, mesmo que o façam com boas
intenções, devem resolver-se a fazer apenas o que está ao seu alcance. Se
tivermos de deixar de lado certas coisas, há que ter paciência, e não pensar que
Deus espera de nós o que não podemos fazer. Ele não quer que o homem se
atormente com as próprias limitações; não é preciso cansarmo-nos excessivamente.
Quando de facto nos esforçamos por dar o melhor de nós, podemos deixar o resto
nas mãos daquele que tem o poder de realizar tudo o que quer.
Que a
bondade divina nos comunique sempre a luz da sabedoria, para que possamos ver
com clareza e realizar a sua vontade com profunda convicção, em nós e nos outros
[…], para que das suas mãos aceitemos o que nos envia, considerando o que é de
maior importância: a paciência, a humildade, a obediência e a caridade.
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