Quando
contemplamos uma comunidade onde há um santuário, como no caso Aparecida, vemos
que não somos diferentes de tantos outros santuários do mundo, mesmo da
antiguidade. Em Delfos, por exemplo, santuário dedicado a Apolo. Encontramos em
Atos dos Apóstolos a revolta dos ourives contra Paulo, em Êfeso, devido à
pregação contra os ídolos. Ali era cultuada a deusa Diana. Havia um rendoso
comércio de estátuas de ouro da deusa (At 19,23-40). Não vamos entrar na questão de imagens, que não
vem ao caso. Mas da participação na venda de objetos “sagrados”, inclusive
livros de piedade, formação ou Bíblias. Não ignoramos que o comércio traz seus
grandes problemas da corrupção, tapeação e exploração, sobretudo dos humildes.
Não é isso também que nos interessa. É uma questão negativa da qual se espera a
conversão. Existe, contudo, ao lado do negativo algo muito positivo. O comércio
em volta dos santuários é um serviço prestado que tem que ter sua remuneração.
Dá serviço e emprego para grande parte da população. Há muitos pobres que
sobrevivem com ele. O comércio religioso faz parte da pastoral do conjunto de
um movimento religioso ou de um centro de piedade como o santuário. É natural
que o peregrino tenha um suporte em sua viagem religiosa. Vamos procurar o
sentido positivo e tirar dele o “lucro espiritual”. Com esse podemos restaurar.
1952.
Buscando sentido
Temos
que compreender e buscar o sentido mais profundo. Podemos perguntar: o trabalho
do comerciante fica somente no lucro que recebe? E os comerciantes ficam
somente ao sabor do movimento? Um aspecto positivo é o bem que o vendedor
realiza, dando ao fiel a possibilidade de ter acesso a uma imagem ou outros
símbolos religiosos. É uma caridade. Entra aqui toda a corrente de produção,
desde o mais humilde operário, até os artistas renomados. Caridade não é só
esmola, mas fazer o bem onde for preciso, adiantando-se à vezes. Assim ajuda o
irmão a ter acesso a seu objeto religioso e contribuir com a sua oração. Mas
também, o comerciante e todos os outros que colaboram com a devoção, participam
do bem que esse objeto vai fazer à pessoa. Por exemplo: esse terço, imagem ou
Bíblia que você “vendeu” (antigamente se dizia trocou, pois religião não se
compra) vão ser úteis para muita oração. A imagem vai ser um ponto que levará a
pessoa ao encontro com Deus. O vendedor não estará ausente. Essa oração ela
retorna a você também. Alguém pode dizer: eu não acredito em nada. Mas Deus
acredita em você, no bem que você fez e faz. Certamente que, quanto mais
consciência tenho, maior pode ser a participação. Um dia você verá.
1953.
Fazendo crescer o bem
Isso acontece pela a união de todos no Corpo de Cristo. Somos muitos
membros. O que um faz serve para todos. Em Cristo não há transmissão de nossos
males. O Espírito que dá união e coalizão chega a todos. O bem que é feito se
multiplica. Do bem só sai o bem. Desse modo podemos agradecer e estimular que
todos os comerciantes façam sua parte tomando consciência do bem que fazem e do
bem que usufruem. Quanto mais eu santifico essas ações tão materiais, através
de boas palavras e bom acolhimento, tanto maior será o bem que fará. Por
exemplo: ao vender uma imagem pode-se dizer que o santo escute sua oração ou
abençoe. Que a Palavra penetre a vida. Esse intercâmbio espiritual torna-se
sempre mais uma evangelização e um louvor a Deus. Por que deixar de lado nossa
parte? Deus não deixa a Dele de lado dando os frutos de nosso trabalho.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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