terça-feira, 24 de outubro de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Lucros de um comércio”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
1951. Não perder o que é bom
     Quando contemplamos uma comunidade onde há um santuário, como no caso Aparecida, vemos que não somos diferentes de tantos outros santuários do mundo, mesmo da antiguidade. Em Delfos, por exemplo, santuário dedicado a Apolo. Encontramos em Atos dos Apóstolos a revolta dos ourives contra Paulo, em Êfeso, devido à pregação contra os ídolos. Ali era cultuada a deusa Diana. Havia um rendoso comércio de estátuas de ouro da deusa (At 19,23-40). Não vamos entrar na questão de imagens, que não vem ao caso. Mas da participação na venda de objetos “sagrados”, inclusive livros de piedade, formação ou Bíblias. Não ignoramos que o comércio traz seus grandes problemas da corrupção, tapeação e exploração, sobretudo dos humildes. Não é isso também que nos interessa. É uma questão negativa da qual se espera a conversão. Existe, contudo, ao lado do negativo algo muito positivo. O comércio em volta dos santuários é um serviço prestado que tem que ter sua remuneração. Dá serviço e emprego para grande parte da população. Há muitos pobres que sobrevivem com ele. O comércio religioso faz parte da pastoral do conjunto de um movimento religioso ou de um centro de piedade como o santuário. É natural que o peregrino tenha um suporte em sua viagem religiosa. Vamos procurar o sentido positivo e tirar dele o “lucro espiritual”. Com esse podemos restaurar.
1952. Buscando sentido
     Temos que compreender e buscar o sentido mais profundo. Podemos perguntar: o trabalho do comerciante fica somente no lucro que recebe? E os comerciantes ficam somente ao sabor do movimento? Um aspecto positivo é o bem que o vendedor realiza, dando ao fiel a possibilidade de ter acesso a uma imagem ou outros símbolos religiosos. É uma caridade. Entra aqui toda a corrente de produção, desde o mais humilde operário, até os artistas renomados. Caridade não é só esmola, mas fazer o bem onde for preciso, adiantando-se à vezes. Assim ajuda o irmão a ter acesso a seu objeto religioso e contribuir com a sua oração. Mas também, o comerciante e todos os outros que colaboram com a devoção, participam do bem que esse objeto vai fazer à pessoa. Por exemplo: esse terço, imagem ou Bíblia que você “vendeu” (antigamente se dizia trocou, pois religião não se compra) vão ser úteis para muita oração. A imagem vai ser um ponto que levará a pessoa ao encontro com Deus. O vendedor não estará ausente. Essa oração ela retorna a você também. Alguém pode dizer: eu não acredito em nada. Mas Deus acredita em você, no bem que você fez e faz. Certamente que, quanto mais consciência tenho, maior pode ser a participação. Um dia você verá.
1953. Fazendo crescer o bem
Isso acontece pela a união de todos no Corpo de Cristo. Somos muitos membros. O que um faz serve para todos. Em Cristo não há transmissão de nossos males. O Espírito que dá união e coalizão chega a todos. O bem que é feito se multiplica. Do bem só sai o bem. Desse modo podemos agradecer e estimular que todos os comerciantes façam sua parte tomando consciência do bem que fazem e do bem que usufruem. Quanto mais eu santifico essas ações tão materiais, através de boas palavras e bom acolhimento, tanto maior será o bem que fará. Por exemplo: ao vender uma imagem pode-se dizer que o santo escute sua oração ou abençoe. Que a Palavra penetre a vida. Esse intercâmbio espiritual torna-se sempre mais uma evangelização e um louvor a Deus. Por que deixar de lado nossa parte? Deus não deixa a Dele de lado dando os frutos de nosso trabalho. 
https://padreluizcarlos.wordpress.com/

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